
Noiva do promotor (de preto) participou da simulação. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Terminou por volta das 14h10 desta segunda-feira a reconstituição do assassinato do promotor Thiago Faria. Em mais de três horas foram reproduzidas as versões da noiva da vítima, Mysheva Martins, que estava ao lado dele na hora do crime e das demais testemunhas do caso.
Participaram dos trabalhos diversos promotores e mais de 30 policiais civis e militares, sob o comando dos delegados Josineide Confesso e Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Durante a reprodução do tiroteio, o trânsito foi interditado na PE-300. Às 10h40, os policiais deixaram a Delegacia de Águas Belas em direção à casa da advogada, no centro da cidade, dando início à reprodução dos útimos passos do promotor. De lá, Mysheva e um policial que fez as vezes do promotor, seguiram de carro para a fazenda arrendada pela advogada, onde pegaram os convites do casamento. Em seguida, o casal volta para a casa da noiva, onde o promotor desce e entrega um objeto não identificado. Depois, os dois vão até o escritório da advogada, também no centro de Águas Belas, onde o tio de Mysheva entra no carro.Em seguida, os três seguem pela PE-300 em direção ao município de Itaíba, onde o promotor atuava. No meio do caminho, o veículo é interceptado por um Corsa e um dos ocupantes faz um disparo de espingarda calibre 12, atingindo o promotor. Ferido, o motorista para o carro. O veículo dos suspeitos segue um pouco mais à frente, depois volta e mais disparos são realizados. Neste momento, Mysheva pula do carro e se joga na pista, enquanto o tio abre a porta traseira e também deixa o carro. Quando os assassinos vão embora, Mysheva pede socorro. Um carro com uma família para e leva a advogada.

Participantes reproduzem momento em que disparo foi feito contra o promotor. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Edmacy Cruz Ubirajara, que foi apontado pela polícia como assassino do promotor Thiago Faria, compareceu cedo à delegacia, mas não participou da simulação. Apesar disso, seus familiares e advogados acompanharam tudo a uma distância de cerca de 200 metros, ao lado da imprensa.O agricultor de 47 anos deixou o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na quarta-feira passada. Ele ficou preso por 65 dias mas foi solto por falta de provas suficientes para que a polícia solicitasse à Justiça uma prisão preventiva.
As pessoas não são obrigadas a participar da reconstituição. O local da simulação foi isolado pela polícia e a imprensa vai acompanhar a uma distância de 200 metros.
Entenda o caso
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.
Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.
Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.
Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.
Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.
Com informações do repórter Wagner Oliveira Diario de pernambuco
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