Por mais que um técnico seja importante para a construção de um time vencedor dificilmente ele ganhará um nível de idolatria que qualquer jogador de linha conquista. Mas o Náutico vem passando por um momento diferente desde que começou a Série B 2015: os olhos dividem as atenções entre o gramado e o banco de reservas. É lá onde está ‘O Cara': Lisca Lorenzi, o profissional que transformou um grupo envergonhado em candidato a acesso e título. E ele não fez isso apenas com vitórias. Foi dançando o vanerão – tradicional no Rio Grande do Sul -, ‘frescando’ e correndo para a torcida, pedindo para ser chamado de doido.
Movimentos friamente calculados ou algo que vem da paixão pelo futebol? Para ele, o que hoje amadureceu começou lá atrás, mais precisamente em janeiro do ano passado, quando pisou no Clube Náutico Capibaribe pela primeira vez. “Um cara que pegou um time com apenas três jogadores e recebe um monte de atletas para formar um time em 15 dias e enfrentar um adversário com um poder de investimento maior. Dez anos de tabu, vai lá, ganha e faz a festa com o torcedor. Está aí. Foi construído com uma série de situações”, disse, referindo-se à vitória diante do Sport, no dia 23 de janeiro do ano passado, pela Copa do Nordeste.
Esse ano a ligação ganhou patamares estratosféricos. No supermercado, no shopping ou no bar perto de onde mora em Boa Viagem ele é sempre abordado com carinho por alvirrubros de todas as idades. “Os jogadores do América ficaram rindo quando eu cheguei porque tinha um monte de crianças de três, quatro, cinco anos, em volta de mim gritando Lisca Doido. Esse carinho é comigo, mas é também com o time, com o clube, com o trabalho e os jogadores estão sentindo isso”, pontuou.
Por isso ele vê um clima altamente positivo não só no trabalho, mas também nos jogos. “Os jogadores estão sentindo isso. Há uma energia muito boa rodando em nosso CT. Existe uma satisfaçao de trabalhar, de vir torcer”, disse.
Ao afirmar que conhece a história do Náutico ele aponta uma carência de alguém dentro de campo que puxasse a torcida, que a fizesse vibrar. “O Náutico carece de alguém que passe a energia. Tenho muito orgulho de ser treinador do Náutico. Comecei na escolinha do Inter e não sou apadrinhado, não tenho rabo preso com ninguém. Tudo que consegui foi em cima do meu trabalho e o torcedor do Náutico sabe disso. Vou errar mas alma e coração não vai faltar. E é isso que estou tentando colocar na equipe”, explicou.
EQUIPE – Apesar de os holofotes invariavelmente direcionados para seu lado, Lisca faz questão de dividir os méritos com a comissão técnica, toda formada por profissionais do próprio Náutico. Sobrou até para o segurança do time, que sempre manda mensagens para o técnico. “O nosso segurança Jadenir sempre me manda mensagens e já me cobrou para ser lembrado. E ele usa um aparelhinho de choque que se usar em mim eu caio duro no chão. Obrigado pelas mensagens, Jadenir!”
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