quinta-feira, 2 de julho de 2015

PF prende ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada em 15ª fase da Lava Jato

Da Folhapress
Zelada foi preso sob a suspeita de envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro / Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Zelada foi preso sob a suspeita de envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiroFoto: José Cruz/ Agência Brasil
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (2) mais uma fase da Operação Lava Jato, na qual foi preso o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada. Também estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, três deles no Rio de Janeiro e um em Niterói (RJ).

A 15ª fase foi intitulada Conexão Mônaco, em referência a operações financeiras do ex-diretor no principado de Mônaco.

Zelada foi preso sob a suspeita de envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

O ex-diretor da estatal será levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba.

Como a Folha de S.Paulo revelou em maio, autoridades de Mônaco investigaram Zelada e descobriram a ligação dele com o consultor Raul Schmidt Felippe Júnior, que trabalhou para o estaleiro coreano Samsung num contrato em que surgiram indícios de pagamento de propina.

O ex-diretor da área internacional da Petrobras mantém negócios particulares com Raul. Documentos localizados pela Folha na junta comercial da Suíça mostram que Zelada passou a integrar o quadro de diretores da companhia TVP Solar, baseada em Genebra, em março de 2013, pouco depois de sair da Petrobras. Schmidt investe na companhia desde 2010.

A TVP Solar vende sistemas de armazenamento e uso de energia solar e tem capital de 2,66 milhões de francos suíços (R$ 8,9 milhões).

Também em maio, com base em documentos remetidos pelas autoridades de Mônaco ao Brasil, a Folha apontou indícios de que Schmidt atuou como intermediário de uma complexa operação financeira que resultou num depósito de US$ 2 milhões (R$ 6,3 milhões) para outro ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, em Mônaco.

A origem do dinheiro foi a Samsung, beneficiada por um contrato que, segundo auditoria da Petrobras, teve sobrepreço de R$ 118 milhões.

CONTAS EM MÔNACO - Em fevereiro deste ano, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator que assumiu ter desviado milhões de dólares da Petrobras, afirmou que Zelada também era beneficiário do esquema.

Na época, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, pediu à Justiça de Mônaco uma apuração sobre possíveis contas de Zelada e Duque no principado. A investigação resultou no bloqueio de uma conta em nome da offshore Rockfield International, onde estavam os 10,8 milhões (R$ 32,8 milhões) atribuídos a Zelada, no banco Julius Baer. De Duque foram congelados; 18,7 milhões no mesmo banco.

Assim como procedeu no caso de Duque, foi Raul Schmidt quem apresentou Zelada a um executivo do Julius Baer para abertura da conta, em fevereiro de 2011, quando ele ainda ocupava a diretoria internacional da Petrobras.

No dossiê do banco, constam cópias do passaporte de Zelada e de uma conta de luz de seu apartamento no Rio, além da assinatura dele em vários documentos para abertura da Rockfield e para movimentação do seu dinheiro.

AMIGOS - Ex-funcionário da Petrobras, Raul Schmidt fez carreira na área internacional da estatal. Entre 1994 e 1997, foi gerente da Braspetro em Angola, antes de ir para a iniciativa privada. Desde 2007, atua na intermediação de negócios de fornecedores da Petrobras. Ele vive em Londres, mas tem imóveis e empresas no Rio, em Genebra e Paris.

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