sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Crise também afeta o transporte público por ônibus: 300 mil passageiros deixam de usar o sistema por dia no Brasil

Foto: Roberta Soares
Transporte por ônibus só perde passageiros.  Qualidade do serviço é a  principal causa. Foto: Roberta Soares

A crise chegou ao transporte público feito por ônibus. E com força. Levantamento anual realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostra que houve uma redução média de 2% no número de passageiros transportados por mês entre 2014 e 2013. Os dados são baseados em nove das principais capitais brasileiras (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). O percentual representa 300 mil passageiros transportados a menos por dia.
Precisamos de uma política pública que priorize o transporte coletivo”,
Otávio Cunha, presidente da NTU

Otávio Cunha, presidente da NTU, entretanto, não associa a queda à crise econômica. Pelo menos por enquanto. A s causas seriam a falta de infraestrutura para o sistema. “A produtividade do setor é prejudicada por causa da queda da velocidade operacional – resultado da falta de corredores e até de faixas exclusivas -, o aumento dos custos dos insumos do setor e a competição com o transporte individual”, disse.
A forma de amenizar tamanho impacto, segundo Otávio Cunha, seria o planejamento de linhas e itinerários do sistema. “Precisamos de uma política pública que priorize o transporte coletivo. Também é necessário incentivo, subsídios e desonerações, que dependem exclusivamente de vontade política e do comprometimento de governos”, afirmou.
O levantamento da NTU aponta, ainda, que os indicadores operacionais do setor mostram que houve pequena queda na produção – diminuição de 2,4 milhões de quilômetros da oferta de serviço – e aumento dos preços dos insumos mais representativos na composição dos custos, como o preço do litro do óleo diesel, que teve aumento médio de 2,8%.
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
“Mesmo com a queda do número de passageiros e o aumento dos congestionamentos nas cidades, as empresas de ônibus estão se esforçando para manter a oferta de serviços, com a inserção de mais veículos  para cumprir o mesmo número de viagens programadas pelos órgãos gestores”, ressaltou o presidente da NTU.
INDICADORES
O principal indicador de produtividade do setor de transporte público, o Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK), reduziu em 1,5%, no comparativo entre 2013 e 2014. Em relação à idade média da frota dos sistemas, ela teve um aumento de 4,5%, mas não ultrapassou o período de cinco anos em nenhum dos períodos avaliados. Isso mostra o quanto a queda de passageiros impacta diretamente o processo de renovação de frota.
A tarifa média ponderada registrou queda de 2,5%, motivada pela desonerações de tributos e impostos realizadas em 2013 e 2014. Por outro lado, houve aumento de 2% no salário médio dos motoristas de ônibus.
Preço médio do óleo diesel
O óleo diesel foi um dos principais responsáveis pelo aumento do custo do transporte público. O insumo possui uma representatividade de aproximadamente 25% do custo total. Entre 2013 e 2014, houve um aumento de 3% no preço médio.
Investimentos
O levantamento da NTU mostra que o país possui 94 projetos de BRT em 33 cidades. Do total, 18 estão em operação, 19 em obras e 57 em elaboração. Além disso, são 194 projetos de corredores e 130 de faixas exclusivas, o que mostra a importância de dar continuidade aos investimentos dos governos em mobilidade urbana.
Contudo, vale ressaltar que, segundo levantamento do Ministério das Cidades, apenas 61 dos 1.317 municípios pesquisados possuem o Plano de Mobilidade Urbana concluído. Entre os que não possuem o plano, apenas 29% estão em processo de elaboração. A proposta da NTU é que o governo federal empreenda maior esforço para capacitar gestores públicos nessas localidades para que os planos sejam desenvolvidos, permitindo avançar na qualidade do transporte público.

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