UMA CIDADE PARA VIVER E AMAR

Vertentes é como uma mãe. Na verdade ela é só um pouco mais velha do que a minha mãe, já que existe como cidade legalmente constituída e emancipada, a partir do ano de 1928. Completa no dia de hoje 87 anos e ninguém pode dizer que é uma velha senhora, mas, no máximo pode se dizer que é uma senhora madura. No entanto, é bom que se diga, que, se uma de minhas avós fosse viva seria mais velha do que a minha cidade-mãe.

Não sei se por força do destino ou apenas por uma coincidência, nasci no Sítio Goiabeira, onde, num primeiro momento, lá pelos idos de 1750, quando a minha terra-mãe começou a ser desbravada tudo começou. Como a terra era abençoada e muito fértil, devido às águas que desciam da Serra de Taquaritinga, pelo Riacho de São José, tudo o que se plantava frutificava: da manga, bananeiras e goiabeiras, ao café, que findou por se tornar naquela época a cultura principal, se espalhando e subindo a montanha e soltando os seus frutos no aconchego e à sombra das matas que ainda hoje recobrem a nossa Serra da Taquara, muito embora sem aquela exuberância de tempos passados, em razão do desmatamento provocado pela ação do homem.

E não é necessário que se diga que Vertentes e Taquaritinga são cidades irmãs, já que a história dessas duas cidades se confundem, pois são ligadas não somente por este relevo geográfico belíssimo, que não me canso de admirar, ficando às vezes hipnotizado, tal qual o sapo namorando a lua, mas também e principalmente por uma história comum.

E lá está ela, a Serra da Taquara, sempre ela, a nos lembrar que aos seus pés nasceu Vertentes, esta terra abençoada, que é nossa, mas é também e ao mesmo tempo, muito amiga e hospitaleira e está sempre de braços abertos para acolher os que aqui procuram abrigo, tal qual as fruteiras e cafezais, acolhidos à sombra das árvores da Serra da Taquara, como lembra trecho do seu belo hino.

Em verdade, Vertentes é muito mais do que este pequeno amontoado de palavras que rabisquei. É, no dizer do poeta, uma cidade para viver e amar.

Dr. Paulo Lima