Motorista de ônibus do caso Harlynton será indiciado por homicídio doloso (com intenção)

Foto: Edmar Melo/JC

O motorista que dirigia o ônibus da Empresa Vera Cruz quando o estudante de biologia Harlynton Lima dos Santos, 20 anos, caiu e morreu, em junho deste ano, será indiciado por homicídio doloso, ou seja, intencional. A Polícia Civil está finalizando o inquérito criminal e deverá estar apresentando as conclusões ainda esta semana ou, no máximo, na próxima. O caso está com o delegado Newson Motta, da Delitos de Trânsito.

O indiciamento será pelo dolo eventual, quando a pessoa não quer matar, mas assume atitudes que colaboram para a ação. No caso do acidente – pelas conclusões da polícia – o motorista da linha TI Tancredo Neves (Imip) teria visto que o estudante estava pendurado no coletivo e, mesmo assim, não parou o veículo para permitir que o jovem entrasse. O indiciamento será fundamentado na perícia criminal realizada durante a investigação.

Nela, os peritos constataram que, de onde estava o motorista, era impossível ele não ter visto que alguém estava pendurado no degrau do coletivo. Pela versão de testemunhas, Harlynton se pendurou próximo à escada dianteira do veículo, entre a porta e a cadeira do cobrador, na tentativa de conseguir entrar no coletivo.

Harlynton Lima dos Santos tinha 20 anos

COBRADOR INDICIADO

Há, inclusive, a possibilidade de o cobrador do veículo também responder criminalmente pela morte. A Polícia Civil considera essa possibilidade durante a investigação. Diferentemente do caso da estudante Camila Mirele, que também morreu ao cair de um ônibus em movimento e o motorista foi indicado por homicídio culposo, no caso Harlynton não tinha como o condutor não ter visto o estudante pendurado, segundo a polícia.

O acidente aconteceu na noite do dia 15 de junho, por volta das 23h. Harlynton Lima dos Santos estava esperando o ônibus para voltar para casa, após ter ido ao cinema. Segundo testemunhas, devido à insegurança, o jovem ficou conversando com os vigilantes e correu para a parada quando o ônibus chegou. O motorista teria fechado a porta e arrancado, apesar de o estudante ter batido na porta. Ele, então, se pendurou para não cair. Cinco metros depois, entretanto, caiu, batendo nas grades do terminal e fraturando a bacia e a costela. Ficou internado por horas, morrendo às 10h50 do dia seguinte. O motorista seguiu viagem e foi para a garagem da empresa, onde foi localizado pela PM. Aos policiais, garantiu não ter percebido nada.