quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Crônica do Dia – O câncer – Por Sérgio Geia

Quando uma célula normal se modifica tornando-se maligna e agressiva, invadindo tecidos do organismo, com poder de arrastar consigo milhões de células igualmente malignas e agressivas, numa multiplicação horrorosa e assustadora, ocorre nada mais nada menos que a segunda doença que mais mata no país, e que muitos, tempos atrás, tinham até medo de pronunciar o nome.
Sérgio Geia
Sérgio Geia
Foi a esse espetáculo triste da multiplicação que assistimos no corpo do meu pai. No início, uma tola dor no abdome o levou a médicos, psicólogos, terapeutas, a uma centena de exames invasivos.
Depois de muita insistência, andanças e quilos a menos, meu pai descobriu uma bola no duodeno que o impedia de se alimentar. Em um ano e meio ele definhou até morrer num infeliz quarto de hospital. Lembro-me daquela tarde, ele, na cama, com a respiração difícil, sentado e tomando chá; era o chá da despedida. Meia hora depois, já não estava mais entre nós.
Meu avô, por parte de mãe, morreu de câncer. Alguns tios, por parte de pai, também. Recentemente, minha mãe descobriu um câncer no pulmão. Agora eu lhe pergunto, honestíssimo leitor: com esse histórico familiar, se não for atropelado, ou se o coração não falhar, de que causa acha que esse que vos fala irá empacotar?
Mas outro dia, lendo o jornal, me deparei com a coluna do dr. Drausio, e nasceu uma esperança; nela estava escrito que M. Song e E. Giovannuci, da Universidade de Harvard, realizaram um inquérito epidemiológico com 89.571 mulheres e 46.339 homens, publicado recentemente na Revista Jama. Segundo ele, a cada dois anos, mulheres e homens responderam questionários sobre estilo de vida, dieta e os problemas de saúde ocorridos no período.
Os participantes foram divididos em dois grupos: “baixo risco” e “alto risco”. Para pertencer ao primeiro, houve exigência de quatro condições: 1) Nunca haver fumado, ou ter fumado até 10 cigarros/dia, no máximo por 10 anos (ou 20 por dia, no máximo 5 anos); 2) Abstinência de álcool, ou beber no máximo 2 drinques/dia no caso dos homens, e 1 no das mulheres; 3) Índice de massa corpórea (peso/altura x altura) entre 18,5 e 27,5; 4) Atividade aeróbica de pelo menos 150 minutos de exercícios leves por semana (caminhadas, por exemplo) ou pelo menos 75 minutos semanais de exercícios vigorosos (correr, por exemplo). Bastou deixar de cumprir um desses requisitos para ser enquadrado no grupo de “alto risco”. Caíram no grupo de “baixo risco” cerca de 16 mil mulheres e 11 mil homens.
Os autores avaliaram a incidência e a mortalidade causada pelos carcinomas responsáveis por cerca de 90% das mortes por câncer. Foram excluídos os cânceres de pele, cérebro, leucemias, linfomas e os carcinomas de próstata de baixa agressividade.
As conclusões mais relevantes foram: 1) Comparadas às mulheres de “alto risco”, nas de “baixo risco” a incidência de câncer foi 25% menor. Nos homens de “baixo risco”, a redução foi de 33%; 2) A mortalidade pelos tipos de câncer mencionados foi menor nas mulheres e homens de “baixo risco”: 48% e 44% respectivamente; 3) Comparados com a população geral dos Estados Unidos, homens e mulheres de “baixo risco” tiveram respectivamente 41% e 63% menos casos de câncer.
Concluiu dr. Dráusio com uma recomendação agradavelmente interessante: “Os dados obtidos pelos pesquisadores de Harvard dão força ao argumento de que grande parte dos tumores malignos são evitáveis e podem ser prevenidos pela adoção de medidas altamente eficazes, como não fumar, não engordar excessivamente, ter uma alimentação rica em vegetais e andar míseros 30 minutos, pelo menos cinco vezes por semana.”
A coluna me fez bem; embora não haja garantia, sedimentou um conhecimento que há anos vem sendo construído na mente do Geia: para uma vida saudável e duradoura, o senhor precisa de boa alimentação, exercícios físicos regulares, meditação e visitas periódicas a médicos.
P.S.: coluna do dr. Dráusio:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2016/06/1780360-estilo-de-vida-e-cancer.shtml

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