quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Pernambuco está sem remédio para controle de trombofilia em gestantes


Enoxaparina (droga vendida comercialmente como Clexane, Versa ou Cutenox) sumiu das prateleiras da Farmácia de Pernambuco. Redes solidárias tem se formado para ajudar gestantes, enquanto o governo não resolve a situação


A irregularidade da entrega da medicação Enoxaparina (droga vendida comercialmente como Clexane, Versa ou Cutenox) pelo SUS tem colocado em risco muitas gestantes e bebês pernambucanos. O remédio, incluído no fornecimento da saúde pública em 2018, serve para controlar a trombofilia.

A doença provoca alterações em veias e artérias que são obstruídas por coágulos, podendo levar a restrição no crescimento do feto, parto prematuro e aborto. A denúncia de pacientes é que esta cada vez mais difícil encontrar a droga na Farmácia do Estado.

“A medicação chegou tarde quando engravidei do meu primeiro filho e o perdi perto da 19ª semana de gravidez. Agora estou grávida de 20 semanas e a tensão continua. Tenho ligado todos os dias para a farmácia em busca do Clexane e não dão qualquer previsão. Tenho me virado com doações”, narrou a dona de casa Natalle Raimundo, 33 anos. A gestante que chegou a ficar internada até o último dia 16, devido as complicações da falta da medicação. Criou-se uma corrente para ajuda-la e através de doações ela conseguiu 17 ampolas, mas que só devem durar até o início de março. Não é de hoje que Enoxaparina começou a ter desabastecimento no SUS. No ano passado, a enfermeira Bruna Lins, 24 anos, só conseguiu três meses da medicação. Durante um mês teve que desembolsar do próprio bolso até R$ 180 cada pacote com duas injeções cada (ela precisava de 20 unidades) e também foi ajudada pela rede de solidariedade. A situação só se normalizou quando ela conseguiu através da judicialização de plano de saúde o custeio do tratamento.

O médico obstetra do Hospital das Clínicas, Thiago Saraiva, comentou que somente ele tem, pelo menos, cinco pacientes com a necessidade da Enoxaparina. O profissional chegou a usar as redes sociais para pedir sobras de tratamento de outras mulheres. Ele conseguiu cerca de 200 ampolas. Uma dessas doadoras foi a fotógrafa Andréa Leal, que disponibilizou 30 caixas e lançou uma campanha de arrecadação através do site http://www.vakinha.com.br/vaquinha/sos-tvp.

Em nota, a Farmácia de Pernambuco informou que tem realizado todas as medidas legais cabíveis para fazer o reabastecimento do medicamento Enoxaparina sódica nas suas unidades. A apresentação de 40 mg do fármaco está com a entrega atrasada pelo fornecedor, que já foi notificado para efetivar o repasse no menor tempo possível. Ao mesmo tempo, uma licitação deu deserta, ou seja, não houve comparecimento de empresas para fornecimento. Com isso, um outro processo de compra está em curso. Em relação ao de 60 mg, está sendo finalizado o processo de compra, para abastecimento durante sete meses. Fonte: Renata Coutinho, Folha de Pernambuco

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