sexta-feira, 8 de março de 2019

Usuários reclamam do aumento das passagens

Impacto da receita no sistema de transporte público, que é de R$ 1 bilhão de reais por ano, terá um incremento de R$ 70 milhões.



O reajuste de 7,07% das passagens de ônibus da Região Metropolitana do Recife, que entrou em vigor desde o último sábado, 2, não tem agradado os passageiros que dependem do transporte público diariamente. Com o aumento, aprovado pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), o anel A passou de R$ 3,20 para R$ 3,45; o anel B, de R$ 4,40 agora custa R$ 4,70; e o anel G, passou de R$ 2,10 para R$ 2,25. Os usuários que utilizavam no anel D, agora extinto, pagam o mesmo valor da tarifa A de R$ 3,70. Nesta quinta-feira, 07, no primeiro dia útil após o carnaval, foi só reclamação. 

Para o auxiliar de serviços gerais, Jorge Clovis, 34 anos, será complicado arca com o aumento, já que está desempregado. "Preciso do ônibus para sair e procurar trabalho, mas esse aumento é um absurdo. Fica muito mais complicado para mim", declarou. A funcionária pública Melissa Negromonte, 45 anos, que utiliza quatro ônibus por dia reclama principalmente da falta de estrutura para os passageiros. "Pagamos caro e o serviço é péssimo. São ônibus velhos, sem ar-condicionado, muitos quebram no caminho. Moro em Santo Amaro e trabalho no Curado, muitas vezes chego atrasada porque já cheguei a esperar uma hora para o ônibus chegar", reclamou. 

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De acordo com o presidente do Conselho, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação Marcelo Bruto, a decisão pelo reajuste passou por uma avaliação dos custos de transporte desde 2017. “Essa revisão deliberada e aprovada foi fruto de um estudo do Consórcio Grande Recife sobre a variação dos custos nos últimos dois anos, chegando ao valor de 7%, aproximado do IPCA desse período. Mesmo com os esforços feitos pelo Governo do Estado, com subsídios em concessões, gestão de terminais, gratuidades e passe livre estudantil, que juntas somam mais de R$ 200 milhões, as tarifas da Região Metropolitana são uma das menores do País e a segunda menor do Nordeste”, argumentou. 

Outro ponto levado em consideração na proposta apresentada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte é em relação a evasão de passageiros (12,5%) e o custo com a gratuidade de alguns usuários. “A evasão prejudica porque tem passageiros no sistema que não pagam (passagem). É necessário entender que o sistema das permissões sobrevive com o dinheiro das tarifas, e que seria necessário reduzir o serviço caso não houvesse o aumento. No caso das concessões (Conorte e Mobi), é diferente porque o Governo do Estadovem aportando recursos, com previsão de R$ 45 milhões de subsídios em 2019, mantendo uma modicidade tarifária e não recaindo para o usuário. O Governo também banca toda manutenção dos terminais integrados e estações de BRT”, explicou o diretor de operações do Grande RecifeAndré Melibeu.

Com o reajuste, o impacto da receita no sistema de transporte público, que é de R$ 1 bilhão de reais por ano, terá um incremento de R$ 70 milhões. No entanto, a cada decisão sobre o custo das passagens ônibus, não faltam críticas a qualidade do serviço prestado a população. "É um absurdo esse aumento. Não temos segurança, conforto e ainda tem uma espera de 40 a 60 minutos por um ônibus. Para quem não trabalha, pagar esse valor é ainda mais constrangedor", afirmou a operadora de caixa Fátima Fagundes

Sobre essa questão, o diretor de operações do Grande Recife explicou que até o fim de dezembro deste ano, serão entregues 665 veículos novos (hoje a frota conta com 2,7 mil ônibus em circulação) subsidiados pelo reajuste. Deste montante, 125 já foram adquiridos. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) se pronunciou por nota, afirmando que o percentual aprovado "fica abaixo do necessário para o nível de serviço desejado". A Urbana havia apresentado uma proposta de reajuste de 16,18%, caso fosse aprovada, a tarifa para o anel A, por exemplo, passaria para R$ 3,70. " Contudo, o setor se esforçará e continuará se empenhando, como vem fazendo ao longo dos anos, para entregar o melhor serviço de acordo com os limites impostos pela política tarifária adotada", conclui a nota. 

JUSTIÇA
A Frente de Luta Pelo Transporte Público (FLTP) deverá entrar na Justiça, nos próximos dias, para que o aumento das passagens de ônibus seja anulada. De acordo com o representante da sociedade civil, Pedro Josephi, os últimos aumentos tarifários teriam ocorrido acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que iria contra as determinações do Manuel de Operações do STPP/RMR

“Nós temos dois modelos hoje no sistema. Parte através de permissões, que representa 75% das linhas, e as concessões que são as linhas do BRT. O manual é bem claro e afirma que as tarifas pagas serão reajustadas pelo IPCA. A votação foi ilegal”, criticou. O representante dos estudantes também afirmou que no documento, também consta que o reajuste não poderá ser feito devido à diminuição da demanda de passageiros. 

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