sexta-feira, 7 de junho de 2019

Copa do Mundo 2019 estabelece marco no futebol feminino


A Copa do Mundo de futebol feminino mais comentada da história vai, enfim, deixar o campo das expectativas para entrar em campo de verdade. A bola começa a rolar a partir das 16h desta sexta-feira, com França x Coreia do Sul pelo Grupo A da primeira fase, no estádio Parque dos Príncipes, na França, que recebe o torneio pela primeira vez. Antes será realizada a cerimônia oficial de abertura.

Nos próximos 30 dias, 24 seleções jogarão em busca da glória no mais importante evento da modalidade. É a oitava edição do Mundial e, até aqui, somente quatro países tiveram a honra de levantar a taça - Estados Unidos, Alemanha, Noruega e Japão. As duas primeiras seleções encabeçam, mais uma vez, a lista de favoritas, enquanto Noruega e Japão - em processo de renovação -, caíram um pouco em relação às últimas temporadas, mas não podem ser desconsideradas, visto que continuam a revelar bons talentos.

É da Noruega, por sinal, a primeira vencedora do prêmio Bola de Ouro, da France Football, destinado às mulheres, em 2018. A atacante Ada Hegerberg, de 23 anos, no entanto, não estará em ação na França, país no qual vive atualmente - ela atua no Lyon. E não é por lesão ou qualquer outro contratempo. Desde 2017 ela vem recusando convocações para defender o país por não aceitar que o futebol feminino e masculino tenham tratamentos distintos. A Noruega chegou a equiparar salários, mas Ada frisa que o debate vai além do dinheiro. Trata de valorização, com campeonatos e trabalho de base, permitindo que jovens possam sonhar com um futuro profissional.

A atitude dela e de outras tantas jogadoras ao redor do mundo é um pilar que pode fazer dessa Copa um divisor de águas. Há um movimento de transformação, no qual sai de cena a “aceitação” de que o futebol feminino “nunca vai ter o mesmo espaço que o masculino”, e entra o empoderamento. Elas estão ocupando os gramados com mais propriedade e, embora lentamente, essa consciência tem gerado frutos.

As diferenças ainda são gritantes, sobretudo em investimentos, patrocínios. Para se ter uma ideia, a França recebeu US$ 38 milhões pelo título no Mundial masculino de 2018, na Rússia. O valor que a equipe embolsou sozinha é maior do que a premiação total deste Mundial feminino - US$ 30 milhões. A campeã de 2019 terá direito a US$ 4 milhões, valor equivalente a 1% do total distribuído na Copa de 2018 (US$ 400 milhões).

Mas há de se evidenciar aspectos positivos. Nesta edição, por exemplo, há várias candidatas a surpresa. E esse cenário só é possível porque mais países passaram a investir na modalidade. A Europa é dominante nesse processo. A Alemanha, que é bicampeã da Copa e pode unificar os títulos olímpico (2016) e mundial neste ciclo, tem um trabalho mais antigo. Mas, nos últimos quatro anos, França, Inglaterra, Holanda, Espanha e Itália seguiram o exemplo e hoje apresentam ligas nacionais mais fortes, o que, consequentemente, gera mais interesse no esporte e contribui para uma renovação constante. Clubes que são vitrines mundiais não só têm equipes femininas, como as oferecem estrutura de ponta, como Liverpool, Manchester City, Barcelona, Atlético de Madri, Juventus, PSG, Lyon, Bayern de Munique, entre outros.

Os Estados Unidos fazem isso há mais tempo, não à toa são tricampeãs mundiais. “É uma questão cultural também. O futebol americano é mais violento, então faz com que as estadunidenses tenham mais interesse pelo chamado soccer. É um trabalho mais antigo e que sempre tem renovação porque há investimento na base, em campeonatos. Elas estão muito determinadas a conquistar o tetra, há campanhas nacionais chamando a torcida”, destaca a pesquisadora e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Soraya Barreto. Os norte-americanos são os torcedores que mais adquiriram ingressos para o Mundial, ao lado dos franceses. Esta Copa, inclusive, tem a expectativa de bater o recorde de maior público entre todas as edições já realizadas, com ingressos para algumas partidas esgotados em poucos dias de venda.

E, se não veremos Ada, teremos Marta, seis vezes eleita melhor do mundo pela Fifa, e uma infinidade de talentos em campo. Estarão na Copa da França nomes como Christine Sinclair (CAN), Alex Morgan (EUA), Carli Lloyd (EUA), Lieke Martens (HOL), Dzsenifer Marozsán (ALE), Lucy Bronze (ING), Nikita Parris (ING), Amandine Henry (FRA), Sam Kerr (AUS), Mana Iwabuchi (JAP), Wang Shuang (CHI), Ji So-yun (KOR), Sandra Paños (ESP), entre outras atletas que vêm mostrando o enorme potencial do futebol feminino.

Formato
Na primeira fase do Mundial, as 24 seleções estarão divididas em seis grupos, dentro dos quais jogarão entre si. As duas primeiras colocadas de cada grupo e as quatro melhores terceiras colocadas no geral avançarão para as oitavas de final, quando terá início o mata-mata. Fonte: FolhaPE

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