quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Manifestantes saem às ruas do Recife durante a terceira mobilização nacional da educação

O protesto contra os contingenciamentos na educação teve inicio às 16h, e saiu da Rua da Aurora, no bairro da Boa Vista



Movimentos sindicais e organizações estudantis realizaram um ato em defesa da educação em mais de 160 cidades do país durante toda esta terça-feira (13). No Recife, a ação contra o contingenciamento na educação teve início às 15h, na rua da Aurora, e seguiu até a avenida Dantas Barreto, por volta das 19h. Os manifestantes criticaram a falta de investimentos e o bloqueio de verbas para pesquisa científica e manutenção das universidades. O projeto "Future-se", do Ministério da Educação, foi também criticado durante o protesto. A organização e a Polícia Militar não informaram o número de manifestantes.

Esta foi a terceira mobilização nacional em defesa do setor, após os cortes na educação feitos pelo Governo Federal. Desta vez, a pauta teve uma forte ligação com a manutenção da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que realizou uma reunião com a comunidade acadêmica na última quinta-feira (8) sobre a situação orçamentária após o bloqueio efetuado pelo Ministério da Educação. A universidade conta com orçamento para se manter até setembro deste ano. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que também sofreu o bloqueio orçamentário, demitiu quase duzentos tercerizados logo após o anúncio de bloqueio. Mesmo assim, tem orçamento apenas para manter a universidade até outubro. 

Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, falou sobre a importância da manutenção dos investimentos no ensino superior. "Dos riscos que corremos com os cortes atuais, o primeiro é a paralisação do funcionamento básico das universidades, por exemplo, que já estão ameaçadas. O impacto terrível que tem repercussão de médio e longo prazo é da pesquisa, é da ciência, da inovação", comentou.
Mestrando em geologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rafael Ferraz está preocupado com a continuidade da pesquisa científica e cursos em graduação de toda a UFPE. "Todos os cursos que precisam de aulas em campo e viagem, por exemplo, não tem mais; estudantes da pós, do mestrado e doutorado estão com dias de bolsa contados e muitos vão abandonar a pesquisa, o que é muito compreensível, porque pesquisa é trabalho, e ninguém deve trabalhar de graça."

Matheus Cavalcanti, estudante de Ciências Sociais na UFRPE, criticou a implementação do projeto Future-se nas universidades. "Este projeto está tentando abrir as portas para a iniciativa privada dentro da universidade pública do Brasil, pra assim desmobilizar todas as medidas publicas que foram inseridas dentro das faculdades e permitir que prédios universidade pública sejam comprados ou alugados pela iniciativa privada, que eles entrem dentro de um investimento privado." Para ele, a implementação do projeto também levará para uma desvalorização da graduação. " Esse projeto é uma coisa muito complicada, porque abre muito pretexto para a privatização da universidade e desvaloriza os cursos de humanas". 

Cristina Teixeira, vice-coordenadora do curso de Jornalismo na UFPE, comentou sobre o atual estado de funcionamento da universidade. "Tivemos uma orientação da administração geral, da reitoria, de parar os equipamentos de ar-condicionado para poupar energia e estão muito ameaçadas a segurança e a limpeza. Fora isso, corte em bolsa, corte em edital, edital de pesquisa, edital de extensão, isso prejudica demais o funcionamento da universidade", contou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.