sexta-feira, 2 de agosto de 2019

MPPE investiga morte de abelhas em Petrolina

Causas prováveis são o uso de agrotóxicos, as mudanças climáticas e o desmatamento. Universidade Federal do Vale do São Francisco realiza exames

Preocupados com o grande número de abelhas que estão aparecendo mortas, apicultores da região de Petrolina, no Sertão do Estado, acionaram o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Para investigar o motivo das mortes destes insetos, o órgão instaurou um inquérito civil, além de fazer parceria com o Centro de Manejo de Fauna da Caatinga da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Cemafauna - Univasf) para colher dados e esclarecimentos científicos sobre o caso.

Uma das causas prováveis do aumento da mortalidade coletiva das abelhas, nas proximidades de área de irrigação, é a utilização de agrotóxicos. Contudo, além dos agrotóxicos, outras causas prováveis apontadas inicialmente como responsáveis pela morte dos insetos seriam as mudanças climáticas e a supressão da vegetação. Até o final deste ano, a equipe técnica da Cemafauna irá divulgar um relatório conclusivo sobre o caso.

Contudo, segundo portaria publicada no Diario Oficial do MPPE, as primeiras análises da Cemafauna apontam a presença de substâncias químicas nas áreas cuticulares (pele) de abelhas que têm correlação com os pesticidas usados em lavouras agrícolas. A nota técnica concluiu ainda que as análises toxicológicas feitas em matrizes de abelhas africanizadas apresentaram altos níveis de agrotóxicos com frequência de contaminação de cerca de 70% das substâncias fipronil, tiametoxam, dinotefuran, imidaclopride, nitenpiram, acetamipride e tiaclopride.

Para o presidente da Associação dos Criadores de Abelhas de Petrolina (Ascamp), Natalício Sá, na região tem crescido a mortandade de abelhas e produção de mel está sendo afetada. "No nosso País, com a liberação de tanto agrotóxico é disso para pior. A agriculta familiar no Brasil não tem assistência técnica para se orientar. Também há o abuso do próprio Governo Federal em liberar tanto agrotóxico, que são proibidos, inclusive, em outros países", comenta.

De acordo com a promotora de Justiça Rosane Moreira Cavalcanti, além de reuniões com produtores rurais do Vale de São Francisco, serão planejados trabalhos educativos para minimizar as mortes e o impacto delas na produção de fruticultura local, que é de grande importância econômica para a região. “Com o andar das pesquisas e do processo, entenderemos quais as melhores medidas que o MPPE pode tomar a respeito”, disse a promotora de Justiça.

A preocupação do MPPE deve-se também pelas abelhas serem responsáveis pela polinização das plantas e que seu declínio pode levar à extinção de plantas e animais, provocando mudanças na paisagem e nas funções do ecossistema. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 75% dos alimentos cultivados no mundo dependem das abelhas.

“Para que o pólen seja transferido para flores diferentes, é necessário um agente que promova esse movimento, o chamado agente polinizador, entre eles a água, o vento e, principalmente, os animais, especialmente insetos, comumente as abelhas”, explica a promotora.

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