segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Viajar promove o bem-estar e combate ansiedade e depressão



Diante da rotina atarefada se dividindo entre casa, trabalho e família, brasileiros encontram dificuldades em se desconectar de um ambiente que geralmente é estressante. A ideia de sair da rotina vem como uma válvula de escape para essas pessoas que, ligadas às tarefas do cotidiano, ficam cada vez mais tensas com os problemas do dia a dia.

Dessa forma, viajar vem como uma forma de promover o bem-estar, além de contribuir para melhorias físicas e psicoemocionais, combatendo transtornos de ansiedade e a depressão, por exemplo. E os benefícios não param por aí: conhecer novos lugares em família ou entre amigos tem o poder de fortalecer relações e estimular a criatividade.

Para a assistente administrativa Leonice Gomes, 32 anos, viajar sempre esteve no sangue da família. Os pais sempre levavam ela e o irmão para visitar parentes em outros estados. Isso, em conjunto com a graduação em História, nunca deixou Leonice manter os pés firmes no chão. “Sempre temos uma decepção amorosa que nos leva a querer mudar de vida. E foi isso que me levou a viajar, em 2009, para Triunfo. Mas o marco na minha vida de viajante foi em 2015, quando meu irmão me presenteou com uma viagem para Argentina”, relata. “A partir disso, percebi que o mundo vai muito além de Maranguape, Pernambuco e Brasil. Eu consegui enxergar que a Argentina era possível, Uruguai era possível. E, desde então, não parei mais.”

 Mas foi em terras pernambucanas que Leonice viveu uma das experiências mais marcantes de suas jornadas, afinal, não é preciso ir muito longe para viajar. Em 2016, em uma visita a Serra Negra, em Bezerros, Agreste do Estado, a mulher se deparou com uma descida de rapel de uma rocha. Não era muito: aproximadamente 60 metros separam o topo do chão, mas que colocaram à prova seus medos e inseguranças. “Por eu ser deficiente, muitas vezes coloco limitações para mim mesma”, conta. “Para viajar, você não pode colocar os medos em primeiro lugar, e foi isso que eu fiz. Quando cheguei até o chão, as pessoas me perguntavam se eu tinha me machucado por estar chorando tanto, só conseguia repetir: eu vivi, estou viva.”

Seja para um destino internacional ou para o Interior do Estado, viajar permite uma desconexão do dia a dia agitado, que normalmente está ligado à uma rotina de estresse, como descreve a professora de psicologia e neurocientista Aline Lacerda. “Nosso corpo possui uma quantidade de um hormônio chamado Cortisol que, estimulado pelo desgaste do trabalho, por exemplo, é produzido em excesso e inibe a produção de novos hormônios”, explica.

Segundo a especialista, essa substância deve encontrar um equilíbrio no corpo humano já que pode ser prejudicial em pouca quantidade e, quando em demasia, pode desenvolver surtos, transtornos de ansiedade e até mesmo depressão. “O fato de você se desligar do trabalho ou dos estudos, por exemplo, e viajar é ótimo para manter os níveis adequados de Cortisol no corpo, além de estimular o cérebro com novas experiências a partir da produção de enzimas neuroprotetoras, o que também beneficia o desenvolvimento das atividades cotidianas”, completa.

Viajar como terapia para o corpo e para mente é um tema comum no universo cinematográfico. Em “Na Natureza Selvagem” (2007), o jovem Christopher McCandless (Emile Hirsch) abdica de todos os seus bens para se aventurar pelo Alasca, nos Estados Unidos, em uma trilha de autoconhecimento. Já temas como saúde mental, abstinência de drogas e luto são abordados no percurso de 100 milhas pela costa do Oceano Pacífico percorridos por Cheryl (Reese Witherspoon), em “Livre” (2014).

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