Idosos precisam reforçar cuidados para garantir imunidade durante a pandemia do coronavírus

Alguns hábitos garantem o fortalecimento no sistema imunológico, como alimentação e atividades físicas



Com 70 anos de idade, Maria José, dona de casa, tem se irritado com o fato de os filhos não a deixarem sair de casa. “É rapidinho, só para comprar umas sementinhas novas”, insiste. A insatisfação dela não para por aí, que reclama que não pode mais “nem ir ao mercadinho, precisa ficar dependendo dos outros”. Para não ser esquecida, vive fazendo vídeo chamada com os netos. “Como eles só vivem no celular, faço vídeo chamada. Só assim para ser atendida na hora. Me divirto dessa forma”, conta. Dona Maria, assim como outros idosos, faz parte do grupo de risco do novo coronavírus.

Segundo a especialista em geriatria Diana Campos, pessoas com mais de 50 anos têm uma imunidade mais baixa, e o sistema imunológico fica ainda mais frágil quando, além do fator idade, a pessoa ainda tiver outras doenças associadas, como hipertensão, estiver passando por um tratamento de câncer ou diabetes. “É importante redobrar os cuidados dessa parcela da sociedade, porque o primeiro contato com esse vírus tende a ser bastante agressivo. Como o nosso corpo desconhece, não sabe como combatê-lo. Por isso ele é extremamente nocivo”, afirmou Diana.

Para ela, nesse primeiro momento, o isolamento social é a principal forma de desacelerar o avanço da doença. “O ideal para uma casa que tenha pessoas idosas é que todos os residentes fiquem em isolamento social. Filhos, netos e pessoas que trabalham na casa podem estar assintomáticos, mas portando a doença e convivendo com os idosos normalmente. Por isso, é preciso muito cuidado”, explica.


Caso não seja possível manter a família toda dentro de casa, alguns hábitos devem ser potencializados nesse período. É o caso da higiene, principal aliada da saúde nesse momento. “Manter ambientes, superfícies e mãos limpas é uma das formas mais eficientes de não levar o vírus adiante. Chegou em casa? Tira os sapatos que vieram da rua e coloca num saquinho. Opte por usar uma sandália exclusivamente dentro de casa. Troca de roupa assim que chegar. Usa uma roupa limpa dentro de casa. Cuidado também ao lavar as mãos. É importante fazer uma higienização minuciosa e ter cautela ao fechar a torneira, é recomendável fazer o uso de um lenço descartável para fechá-la”, explica a geriatra.

Sem poder sair de casa, mantendo, às vezes, um contato mínimo ou nenhum com a família e com uma enxurrada de informações preocupantes sobre a doença circulando pelo mundo, alguns idosos podem desenvolver uma ansiedade e aumentar o estresse, que pode fazer cair ainda mais a imunidade deles. “É importante ter tato com o idoso. Além de filtrar a informação pra ele, é preciso explicar a necessidade dessas medidas. Porque ele não vai entender por que do nada vai ter que deixar de sair ou de ver os netos, por exemplo”, alerta Diana. “É nessa hora que os familiares e responsáveis devem ter criatividade para ocupar o dia a dia dos idosos. Desenvolver atividades lúdicas específicas para a idade, conversar com frequência e ocupar a mente. O cortisol, hormônio do estresse, quando em alta, faz cair ainda mais a imunidade. E isso deve ser evitado”, complementa.

Alimentação
Além dos hábitos de higiene e da rotina em si, a alimentação também deve ser intensificada com ingredientes que sejam ricos principalmente em vitaminas A e C. A nutricionista Michele Arruda recomenda uma dieta rica em frutas e em verduras. “Frutas ricas em vitamina C, como o maracujá, a laranja, o limão e a acerola são indispensáveis. O ideal é realizar o consumo dessas frutas in natura, mas também é aconselhável fazer o suco. Frutas e verduras vermelhas e alaranjadas, como beterraba, cenoura e morango, são ricas em vitamina A, que também ajuda na imunidade”, explica Michele. Legumes como brócolis couve-folha cozidos no vapor também são indicados, além de chás e sucos de folha de couve com frutas cítricas e gengibre, que é anti-inflamatório.