quarta-feira, 15 de abril de 2020

'Não alimentem falsas esperanças', diz secretário de Saúde de PE

Gestor é enfático ao dizer que o coronavírus está cada vez mais perto das pessoas e que o isolamento é essencial para não faltar leitos



Há três semanas, Pernambuco tinha uma média de 21 internações por dia em decorrência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Nesta terça-feira (14), o secretário estadual de Saúde, André Longo, disse que esse número saltou para cerca de 45 internações ao dia.

A ocupação média dos leitos estaduais de terapia intensiva (UTI) destinados ao tratamento de pacientes com a Covid-19 era de 49% no dia 23 de março. Nesta terça, passados 22 dias, essa margem tem oscilado entre 80% e 90% de ocupação, tendo chegado a superar os 90% em determinados momentos.

Nos últimos 30 dias, Pernambuco teve a abertura de 467 novos leitos na rede pública, sendo 204 de UTI. A ocupação das UTIs no momento é de 88% - 180 dos 204 leitos estão ocupados.

Segundo o último boletim divulgado com os dados da Covid-19 no Estado, nesta terça, há 328 pacientes diagnosticados com a doença em ambiente hospitalar, sendo 63 em terapia intensiva e 265 em leitos de enfermaria.

Só que além dos 63 pacientes com infecção confirmada pelo novo coronavírus, há outras 117 pessoas em regime de terapia intensiva com quadros de Srag. Segundo Longo, há quem ainda aguarde resultado de exame e quem tenha desenvolvido um quadro de gravidade a partir de outros vírus e bactérias.

"Se houver uma curva mais acentuada do que a capacidade (de leitos), pessoas podem perder a chance de tratamento. Seja pessoas que dependem do SUS ou para quem vai para hospital privado e acha que vai ter um leito esperando. Isso pode não acontecer (mais casos do que leitos). Foi o que houve em outros países”, alertou Longo.
De acordo com o chefe do Departamento de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Demetrius Montenegro, não há como estabelecer um padrão no tempo de uso dos leitos por cada paciente, uma vez que isso depende do nível de comprometimento do quadro clínico.

"Já aconteceu de internar em um dia e ter alta no outro, geralmente casos de jovens com sintomas mais leves. A média de (tempo em) enfermaria é de cinco a sete dias. Mas pessoas com idade mais avançada e doenças crônicas acabam indo para a UTI e entram na ventilação mecânica. Aí o tempo sobe para mais ou menos 21 dias. A pessoa prende o leito por um tempo prolongado. Por isso estamos falando rotineiramente para não sobrecarregar o sistema de saúde, seja ele público ou privado”, explicou.

"Acreditem na gravidade da situação. Não alimentem falsas esperanças. O vírus não está indo embora. Ele está cada vez mais perto de cada um de nós. Apesar de todos os esforços feitos, você ou alguém próximo pode ter que entrar em fila por um leito de UTI caso não haja controle. Estamos nos esforçando ao limite, mas é preciso reforçar o isolamento”, alertou Longo.

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