sexta-feira, 10 de abril de 2020

Pernambuco usa Cloroquina, mas alerta para incerteza de eficácia

Número de pacientes submetidos ao uso da substância ainda é pequeno para conclusões atreladas à Covid-19



Embora ainda não haja pesquisas que de fato comprovem a eficácia da Cloroquina e da Hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, o Ministério da Saúde distribuiu as substâncias para as secretarias estaduais do País acrescentarem em seus protocolos de medicação em quadros graves da doença.

Pernambuco recebeu dez mil unidades de Cloroquina, que foram repassadas para as unidades de saúde, e pode receber outras remessas, de acordo com o secretário Estadual de Saúde, André Longo. Ele disse ainda que o Lafepe (Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco), a depender de adaptações em sua estrutura, pode também produzir a substância futuramente, caso haja evidências mais sólidas em relação à eficácia.

Não se sabe, porém, quantas pessoas no Estado já fizeram uso desse fármaco em seu tratamento. “O Oswaldo Cruz atende a recomendação do MS para usar em casos mais graves, mas como é uma medicação que qualquer médico pode prescrever, algumas pessoas usam. O atendimento é multicêntrico, cada hospital criou o seu protocolo. Sei de alguns casos que utilizaram e foram a óbito, assim como outros casos que usaram e não foram a óbito. Mas o quantitativo é muito pequeno para se chegar a uma conclusão se tem ou não efeito”, explicou o chefe do Departamento de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Demetrius Montenegro.
O HUOC é a unidade de referência no tratamento de pacientes com a Covid-19 no Estado e participa, inclusive, de um estudo global da Organização Mundial de Saúde (OMS), coordenado no Brasil pela Fiocruz no Rio de Janeiro. "A ideia é saber se a Cloroquina vai ser eficiente, se haverá diferença entre pacientes com casos graves e aqueles com sintomas mais leves. Nesse estudo são usadas outras medicações antivirais também. Na China, por exemplo, foi utilizado Lopinavir, que é usado por pessoas que têm HIV”, disse Montenegro.

"O grande problema hoje é em relação à discórdia entre os médicos e pontos de vista diferentes. Temos pessoas que defendem com unhas e dentes a utilização independente do estado crítico ou não de saúde (do paciente). Cheguei até a ouvir sobre uso profilático. E é preciso muito cuidado. Os trabalhos feitos em cima dessas medicações foram basicamente em pessoas com estado de gravidade maior. Não se tem, do ponto de vista científico, um fundamento real para utilizar (a medicação) em qualquer pessoa independente da gravidade da doença. Algumas orientações internacionais que indicavam o uso depois voltaram atrás. Então, existe muita dúvida em relação ao uso dessa medicação em pacientes com Covid”, completou.

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