quinta-feira, 4 de junho de 2020

Combate ao racismo, uma luta dentro e fora das redes

A repercussão mundial da morte de George Floyd por um policial branco, nos Estados Unbidos, renovou o debate e provocou engajamento nas redes sociais no combate ao racismo. Mas o ativismo digital é suficiente?

Violência policial contra a população negra é alvo de protestos ao redor do mundo

As imagens da morte de George Floyd, um homem negro norte-americano, após um policial branco o imobilizar no chão e o sufocar com o joelho durante sua prisão, em Minneapolis, Minessota (EUA), provocou protestos e revolta da população, que há mais de uma semana segue ocupando as ruas e acirrando o conflito com as forças policiais em várias partes do país. Esse triste episódio só veio à tona graças ao poder da internet e das redes sociais e a repercussão mundial do caso renovou o debate e trouxe à tona um maior engajamento nas redes sociais no combate ao racismo.

É a internet o terreno onde grupos de 'hackerativistas' pressionam governos com informações sensíveis, a exemplo do Anonymous, que voltaram a atuar contra o presidente Donald Trump após o incidente em Minessota. Mas o ativismo que popularizou-se na internet, com frases de avatar e bandeiras, por si só, é realmente efetivo ou existem outras formas de contribuir mais contra o racismo dentro e fora das redes? Para aprofundar o tema, procuramos pessoas pretas que, cada uma em seu campo de atuação, compartilham vivências e ajudam a entender melhor sobre o problema.
"Eu acho que a primeira coisa que uma pessoa branca que se autointitula antirracista tem que se perguntar todos os dias ao acordar pela manhã é: 'de qual privilégio eu vou abrir mão hoje?'. Não é mais razoável uma pessoa branca achar que está fazendo luta da varanda de seu apartamento compartilhando campanhas e mudando a foto do perfil enquanto a empregada preta, que cria os filhos na favela levando porrada da polícia, faz o jantar", avaliou a jornalista, produtora e ativista pelos direitos negros, Lenne Ferreira. Ela destacou que casos de violência policial com a população negra no Brasil, como a morte do garoto João Pedro, dentro de casa, em uma comunidade do Rio de Janeiro, tem mobilizado protestos.

"Eu sou favelada e preta. Tudo o que faço está associado a essa condição. Como jornalista e produtora, busco atuar no sentido de afrocentrar meus pensamentos e ações, fortalecendo redes pretas e sendo uma canal de potencialização para ações de outras pessoas pretas", descreveu Lenne, nome à frente da produtora Aqualtune, que potencializa as vozes de mulheres pretas de Pernambuco. 

Em seu perfil do Instagram (@lenneferreira), Lenne dedica postagens para debater questões raciais e fortalecer outros grupos ativistas e movimentos populares. "Temos muitas armas: poder de mobilização, comunicação, mão de obra, criatividade, ancestralidade, lideranças jovens com muita disposição. Aqui mesmo, Em Pernambuco, assistimos a força de movimentos que emergem em várias comunidades: @redetumulto, @coletivopaoetinha, @bocanotrombon3, @coresdoamanha, @caranguejo_uca, @caranguejotabaiaresresiste, @iburamaiscultura, @favelalgbtq, @coletivobagac, @mdamaconha, @povopankararu e @coletivotururu", escreveu em um de seus posts.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.