domingo, 7 de junho de 2020

PCC põe em risco população de Surubim e Casinhas


Houldine Nascimento, da equipe do blog
Surubim e Casinhas, duas cidades vizinhas no Agreste Setentrional, se tornaram territórios de atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme relatam moradores e policiais. A população dos dois municípios assiste com apreensão aos acontecimentos da última semana, que resultaram no assassinato a tiros de fuzil do comissário José Rogério Duarte Batista, no sábado passado, após pedir proteção por ameaças que vinha sofrendo.
Os criminosos cometeram o homicídio durante o dia, em uma avenida movimentada de Surubim, o que foi interpretado pelos moradores da cidade como um “recado” da organização oriunda de São Paulo. Um morador, que não se identificou com medo de represália, revelou que o delegado da cidade foi avisar nas residências para que permanecessem em casa por questões de segurança. “Ele falou para a gente que se escutasse algum tiro, se abaixasse dentro de casa”, detalhou.
Outros policiais também sofreram ameaças e prestaram boletim de ocorrência na última quarta (3). Engana-se quem pensa que o clima de tensão é recente. Há relatos da presença de uma célula do PCC em Surubim desde 2015. O local seria estratégico para a organização criminosa por ser uma importante rota no Agreste para atuações de diversas ordens, como tráfico de drogas e assaltos de cargas.
Ainda em 2015, integrantes do PCC teriam incendiado um ônibus, além de metralhar casas e marcar algumas delas com a sigla do grupo. A situação fugiu do controle a ponto de policiais, amedrontados com o poder de fogo dos criminosos, solicitarem remoção.
O caso preocupa o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros, que tem feito diversas reuniões com agentes das duas cidades e com o chefe da Polícia Civil no Estado, Nehemias Falcão. “A Polícia Civil tem organizado operações, mas há uma dificuldade em Surubim com o Judiciário porque os pedidos de busca e apreensão e de prisão não estão sendo liberados. Isso tem sido a grande dificuldade”, alerta.
Há um receio de que o PCC domine outros municípios importantes do Agreste, como Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe. “Essa célula do PCC está começando a se enraizar, colocar seus tentáculos no Agreste todo. A gente identificou isso porque o Sinpol esteve dois dias seguidos e conversou com moradores. Há uma preocupação para que a organização não se instale de uma vez em Pernambuco. O Estado tem que estar presente”, prossegue Cisneiros.
De acordo com ele, a célula do Primeiro Comando da Capital se instalou na comunidade de Chatinha. A situação é tão tensa que a polícia chegou a colocar cavaletes na Avenida São Sebastião, nas imediações da Delegacia de Surubim.
Em grupos de WhatsApp, mensagens atribuídas aos criminosos festejam a morte do policial José Rogério, além de circular a informação de que eles oferecem R$ 5 mil reais para cada policial que for assassinado, conforme pontua o presidente do Sinpol.
Ontem à tarde, houve uma tentativa de operação policial em Surubim e Casinhas, com dezenas de agentes deslocados para os municípios em busca dos assassinos de José Rogério, conforme atestam imagens recebidas pelo blog.



Este foi o segundo homicídio relacionado ao PCC na região. Em 2019, o policial militar Carlos Alberto Santos de Sousa foi morto a tiros de fuzil em Casinhas.
Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco para obter informações sobre as denúncias, mas não obteve resposta até o momento.

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