Escrever sobre filho e irmão costuma parecer cabotino. Mas é
certo que, quando qualquer dia desses, alguém da cidade resolver contar a
história de Vertentes, precisará lembrar um político que tinha suavidade na
forma de trabalhar, carregava o nome do avô, a herança das atitudes políticas e
trabalho do pai e um espírito de conciliação imenso. Cavalcanti, ou Canti, nome
de Severino Cavalcanti de Albuquerque Neto, gostava de atender o povo e reunir contrários
numa forma de conseguir, sempre, o melhor para o município.
Morto prematuramente aos 36 anos, em 2005, Canti nunca fez
questão de acumular bens, nem morar fora de Vertentes (o que todos pensam em
fazer, desde que iniciam a faculdade), pois sempre procurou uma forma diferente
de levar a vida, para os padrões convencionais. Sua viagem era para dentro do
município, nos povoados e entre as pessoas simples de quem gostava de ouvir
histórias e saber dos problemas que os atormentavam. Vez por outra, até
irritava os correligionários nas suas buscas por procurar atrair quadros da
oposição que considerava competentes. Achava importante ser realizado um bom
trabalho mais que tudo, em tempos em que prevalecia (e prevalece até hoje) o fisiologismo
nas ações.
Cavalcanti foi uma pessoa que abarcou mais do que ninguém a
famosa frase de que “divergências e ressentimentos podem caber num oceano ou
num copo d’água”. Para ele, depois de passados, resentimentos poderiam caber,
quando muito, num copinho de café. Também sabia estimular a militância. Tinha
sensibilidade para mostrar que era importante lutar por uma causa não pela
causa em si ou por cargos e favores futuros, mas por um projeto de trabalho e
de crescimento.
Na vida pessoal, tinha um sorriso sempre pronto para acolher
a todos e isso, desde pequeno. Não é a toa, portanto, que nas fotos de comícios
e campanhas eleitorais da sua infância, muitos vertentenses possuem até hoje, imagens
capturando um menino que desde cedo procurava verificar se estava tudo
organizado corretamente como se fosse uma profecia: a do garoto que nasceu para
administrar a cidade onde viveu e morou por quase toda a vida, tendo sido
secretário municipal – quando primou pela organização, disciplina e competência
nos trabalhos– e vereador.
É por todas essas qualidades que, mesmo tendo partido cedo, Canti
deixou uma marca inesquecível entre os que desfrutaram da sua convivência.
Temos certeza de que seus exemplos renderão bons frutos por muito tempo. E como
uma das suas características era a visão positiva, se pudesse acompanhar tudo o
que estivesse acontecendo hoje e visse alguém reclamando de algum gesto ou desmando,
fosse em Vertentes, em algum outro local do país ou no mundo, ele pediria para
ter paciência e diria que o progresso iria chegar em pouco tempo. Era assim que
agia e pensava: acreditando no futuro e achando, sempre, que o melhor ainda
está por vir. Para nós, Cavalcanti será sempre inesquecível.
* Ozair Cavalcanti e
Hylda Cavalcanti
Belas palavras que só poderiam vir de Ozair Cavalcanti, um dos grandes homens culto das Vertentes, falando belas palavras a respeito desse filho que partiu de forma tão rápida para a casa do Pai. Que Deus continue dando muitas forças para essa família e ao nosso Canti o descanso e a luz eterna. Um grande abraço aos meus padrinhos de casamento Ozair e Hylda Cavalcanti.
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