O futebol pode ser americano, mas o coração está bem preso ao Recife. Vestindo azul e branco, cores predominantes nas bandeiras de Pernambuco e da sua capital, o Mariners entra em campo da Arena Pernambuco para o passo mais alto de sua história de oito anos de dedicação a um esporte não tão praticado no Brasil, é verdade. Só que a final contra o João Pessoa Espectros neste domingo, às 16h (horário local), também serve para que o time represente mais uma vez a própria cidade, o local onde tiveram a ideia de criar uma equipe de futebol americano, mesmo desafiando a lógica comum de um País praticamente voltado ao futebol. Mas amanhã, na decisão da Superliga Nordeste da modalidade, o Recife será Mariners no primeiro jogo de futebol americano em uma arena da Copa 2014.
Nos olhos dos mais velhos, os fundadores e primeiros jogadores do time, talvez passe um filme da trajetória de amizades ao longo de todos esses anos. Foram treinamentos na areia da praia e em campos nada sofisticados como o da arena. No início também não havia equipamentos, considerados caros para qualquer assalariado. Para se ter uma ideia, o custo médio para se equipar um jogador de futebol americano chega aos mil reais. No caso do Mariners, cada um é responsável por si.
Mas foi da praia que surgiu a ideia do nome Mariners. Inspirados no Seattle Mariners, equipe de beisebol dos Estados Unidos, os amigos praticantes, e amantes, do futebol americano batizaram o récem-criado time de Recife Mariners. “A intenção é que tivesse algo a ver com praia já que a gente começou a atuar na areia. As cores também foram inspiradas na bandeira de Pernambuco”, diz Emerson Veloso, 34 anos, um dos fundadores da equipe.
Na trajetória até a Arena Pernambuco ficou muito suor e dedicação no caminho. Foram viagens custeadas do próprio bolso ao longo do Nordeste e o carimbo de falta em alguns eventos dos amigos e dos familiares. “Eu já deixei de sair para festas com os amigos porque tinha que treinar”, relembra Veloso.

Emerson Veloso (E) e o americano TL Edwards (D) representam um time que veste as cores da cidade. Foto: Thiago Wagner/Blog do Torcedor
Só que de tanta devoção ao esporte tem sua recompensa. E não estamos falando da final contra os Espectros neste domingo, mas da identificação dos fãs, que já fazem um número representativo nos jogos dos Mariners. Pela Superliga Nordeste, por exemplo, o Mariners chegou a colocar um público acima de duas mil pessoas nos Aflitos, onde a equipe vem mandando as partidas em parceria com o Náutico. Mais do que barulho, os torcedores demonstram carinho com os jogadores. “Certa vez a gente havia perdido uma partida das quartas de finais e veio um garoto pedindo autógrafo para mim nos vestiários. Nunca tinha dado um e fiquei emocionado”, conta Emerson puxando da memória mais lembranças da história do grupo.
Na campanha para chegar até a decisão da Superliga, o Recife Mariners contou com reforço estrangeiro do quarterback Drew Banks e do córner TL Edwards. Apesar de nunca terem pisado na capital pernambucano até então, a dupla traz o amor pelo futebol americano como língua universal para se entrosar com os brasileiros. “Vim porque eu o Drew (primeiro a chegar) me falou bem daqui. Queria uma oportunidade de fazer história. O único país que tinha ido fora os Estados Unidos havia sido o México. Estou aprendendo português e adorando os sucos que vocês têm. Gosto muito do de Maracujá”, brinca TL.
Caso vença a final deste domingo, o Mariners se classifica para a Brasil Bowl, uma espécie de Super Bowl nacional, contra o Coritiba, vencedor da Superliga Centro-Sul. A decisão será no Couto Pereira, no Paraná. A distância pode parecer um obstáculo, mas ao que parece nada é considerado impossível para os Mariners, principalmente quando o assunto é levar o nome do Recife para longe.
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