Marcos Oiveira

Menina iraquiana chora enquanto sua família deixa a cidade de Basra, no sul do Iraque, por meio de uma das pontes locais, controladas por tropas britânicas
Dan Chung/AFP
Guerras, catástrofes, cidades em ruínas e a morte repentina de até todos os membros da família são situações enfrentadas atualmente por milhares de crianças ao redor do mundo. No último palco de uma grande tragédia, o Nepal, com o terremoto que destruiu parte do país, vivem hoje cerca de 1 milhão de pequenos que precisam ter preocupações distantes do cotidiano de uma sala de aula. “Eu tenho medo de acordar sozinha amanhã”, disse a nepalesa Bina Danwar, 6 anos, a um correspondente da Organização das Nações Unidas (ONU), após ter tido a casa destruída.
“Eu sinto que a terra está agitando todos os dias”, relatou assustada, demostrando como se protege. Ela enterra a cabeça no joelho, segurando-o firmemente com os braços. A fala de Bina é uma tônica hoje no Nepal, cujo tremor em 25 de abril deixou mais de 7,5 mil mortos e quase 15 mil feridos. Porém, as tragédias também marcam outras gerações vitimadas não pela ação da natureza, mas por guerras empreendidas pelos homens. De acordo com a Unicef, o ano de 2014 foi um dos mais traumáticos para os menores e o início de 2015 aponta para um cenário nada animador.
Na Nigéria, os ataques frequentes e intensos do Boko Haram fizeram 800 mil crianças terem de se deslocar internamente. O grupo terrorista ainda é acusado pelo sequestro de centenas de menores, a maioria meninas. As que são resgatadas, encontram-se em situação traumática, pois foram usadas como escravas sexuais. Só essa semana, pelo menos 214 mulheres libertadas estavam grávidas. Número que cresce a cada libertação.
Outro país que enfrenta uma situação delicada é a Ucrânia. Uma crise humanitária atinge 5,2 milhões de pessoas que vivem nas zonas de conflito ao leste do país, 1,7 milhão são de pequenos. Após quatro anos de conflito, a Síria possui 8 milhões de garotos, atingidos em um país disputado por grupos opositores e pela presença de grupos terroristas.
Porém, não são apenas tropas extremistas que praticam abusos contra aqueles que deveriam ser os primeiros alvos da proteção internacional. O exército francês, presente em ações em diversos países da África, enfrenta um escândalo na República Centro-africana, onde alguns soldados foram acusados de estuprar crianças em 2014. As acusações foram feitas por seis meninos com idades variando de nove a 13 anos. Quatro afirmaram ter sido estuprados e dois disseram ter testemunhado os fatos. As investigações começaram em abril. Os soldados atuavam sob um mandato da ONU.
Marzia Vigliaroni, parceira da Unicef no Níger, descreve em relatório divulgado pela instituição o duro caminho que as organizações enfrentam para tratar das crianças que passam por situações traumáticas em zonas de conflito. Ela conta que quando é pedido para que os menores brinquem fazendo desenhos, o resultado são representações de gargantas cortadas, pessoas mutiladas ou se afogando em rios.
Rita, 14 anos, vive em um acampamento para refugiados no Chade, país localizado no centro-norte da África. “Quando você tem sua mãe ao redor, você não se preocupa. Mas se ela falta ... você passa a se preocupar com tudo”, diz ela.
Leia matéria completa no caderno de Internacional deste domingo (10), no seu Jornal do Commercio.
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