A tradição de acender fogueiras em homenagem à São João está em baixa este ano. As ruas do Grande Recife estão repletas de vendedores oferecendo montes de madeira por diversos preços, porém todos afirmam que a procura está menor do que em outros anos. Com valores que variam de acordo com quantidade e espessura da madeira, os montes estão sendo comercializados desde R$ 60 até R$ 30.
Um dos pontos de comercialização de fogueira está localizado às margens da Avenida Agamenon Magalhães, em Santo Amaro, área central do Recife. O ambulante José Marcos de Lima vende madeira há cerca de dez anos. Ele empilha os gravetos e até ensina a forma cerca de montar a fogueira. “Esse ano está muito fraco. Hoje (22) só vendi duas fogueiras. Acho que amanhã vai vender mais, dá para chegar até umas 20, mas mesmo assim é menos do que em outros anos”, comentou ele que comercializa as fogueiras por R$ 60 e R$ 50.
Além de vender madeira, o ambulante José Marcos já separou os troncos para fazer a sua fogueira de São João
Já no bairro da Tamarineira, em frente à Ferreira Costa, Zona Norte do Recife, o paisagista Fábio Torres vende as fogueiras por R$ 30. Segundo ele, a madeira é legal e proveniente das podas que a sementeira onde trabalha é contratada para fazer durante o ano. “A coisa está tão ruim que nós mantivemos o preço do ano passado. Mesmo assim não está vendendo muito. Espero que na véspera venha mais gente comprar madeira”, contou Fábio que há sete anos vende madeira na época junina.
Com a baixa procura, o autônomo Maurício Rodrigues está apelando para o delivery. Quem compra a ele ganha o frete e a montagem da fogueira. “Estou vendendo por R$ 35 e ainda ofereço esse serviço extra. Do jeito que está tem que agradar o cliente senão não vende nada”, ressaltou ele que, além de conseguir uma renda extra, gosta de manter a tradição junina. “Gosto de ver as pessoas com suas fogueiras para São João, acho muito bonito.”
Apesar do costume de queimar madeira nas vésperas dos santos juninos, o diretor de recursos florestais e biodiversidade da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Walber Santana, alerta para as possíveis irregularidades ao vender e comprar madeira para a tradicional fogueira.
Entre as dicas na compra da fogueira é investir em madeiras mais grossas para que elas demorem mais para queimar
“O problema não é ser madeira de poda ou não. A questão é se esse galhos são de madeira nativa do Brasil ou de espécies exóticas. Se for nativa só pode vender e comprar de houve o DOF (Documento de Origem Florestal) e a nota fiscal. Se for exótica pode vender tranquilamente, a não ser que ela tenha sido extraída de alguma área de preservação”, explicou Walber Santana.
Entre as espécies que têm venda autorizadas estão mangueira, jaqueira, ficus e jambeira. Já algumas que têm a venda informal proibida são: catingueira, jurema preta, cajazeira, embaúba, juazeiro, umbuzeiro e pau brasil, tendo esta última uma legislação exclusiva que proíbe o corte e a venda por ser uma árvores símbolo do País.
Madeira irregular pode render multas a partir de R$ 300 o metro cúbico
Para coibir o comércio ilegal de madeira nativa a CPRH têm intensificado a fiscalização nas áreas já conhecidas como ponto de venda. Quem for pego comprando ou vendendo esse tipo de material receberá uma multa que parte dos R$ 300 por metro cúbico, além de ter a madeira apreendida. Ë possível denunciar casos de comércio irregular de madeira através do telefone (81) 3182.8923 – ouvidoria da CPRH.
HISTÓRIA – De acordo com a tradição católica, a fogueira queimou nas montanhas da Judeia para anunciar o nascimento de João, no dia 24 de junho. Foi a forma que sua mãe Isabel encontrou para comunicar a chegada do filho à Maria, sua prima, que também estava grávida e seis meses depois daria luz a Jesus. Antes da evangelização da Europa, na Idade Média, as fogueiras eram utilizadas em rituais pagãos, que celebravam a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte.
terça-feira, 23 de junho de 2015
Tradição junina, venda de fogueiras está em baixa este ano
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