
Fonte: Folha Web
Sociólogo alerta que cultura brasileira é assentada na agressividade e na educação pelo castigo, o que explica as ações truculentas dos policiais
A violência policial reflete a violência da sociedade. Esta é a opinião de Rodrigo Augusto Prando, professor de sociologia da Universidade Mackenzie, para quem a pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública reflete a realidade de um país cuja cultura é assentada na agressividade. "A pesquisa tem fundamento. Acredito, porém, que o erro não está apenas na polícia, mas também na violência da sociedade", afirma.
Segundo ele, a polícia brasileira faz parte de uma sociedade que educa crianças com castigos físicos e ensina através da violência ao invés da argumentação. "O brasileiro é mais passional e emotivo do que racional. A polícia se forma nesta cultura", reforça, lembrando que a diferença do policial para o cidadão comum é que o primeiro representa o Estado e tem legitimidade para o uso da força, "uma exclusividade da polícia nas sociedades democráticas e republicanas". "É preciso lembrar que as pessoas também temem o bandido, o traficante... É a violência da sociedade que gera sensação de medo", diz.
O professor diz que uma outra explicação para o resultado do estudo é a memória da ditadura militar, quando polícia e exército exerceram um poder além do previsto na Constituição.
Para ele, a solução para minimizar o medo está em iniciativas como polícia comunitária. "Quando isso ocorre, a tendência é substituir o medo pela colaboração. Mas essas experiências são novas na sociedade brasileira. Em muitos países a polícia não anda armada. Por outro lado, no Brasil, em cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, é normal ver a polícia e o exército nas ruas logo que você sai do aeroporto. É uma sensação muito ruim", classifica.
Sobre a maior sensação de medo entre a população pobre e negra, Prando reforça que a polícia é racista porque a sociedade brasileira é racista. Além disso, a corporação faz policiamento ostensivo nas regiões centrais da cidade, mas só vai até as periferias em situações de confronto, o que justificaria a percepção de risco relatada pelas pessoas que vivem nestes locais.
Falta de confiança
Para o coronel da reserva César Alberto Souza, diretor de comunicação da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai), o resultado da pesquisa não surpreende. "A polícia sempre age representando os 'nãos' da sociedade, cumpre o que definimos que os cidadãos não devem fazer. É natural que pouco mais da metade dos entrevistados tenha medo da polícia", considera, destacando que "a polícia ser temida não é algo tão ruim como parece".
O mais preocupante, segundo ele, é uma pesquisa anterior que detectou que o índice de confiança dos brasileiros na polícia é de 50%. "É um índice baixo, explicado pela situação da polícia brasileira, que não é de ciclo completo e por isso não apresenta soluções para o cidadão", critica.
O baixo índice de resolutividade dos problemas, segundo ele, faz com que a população perca a confiança no trabalho da corporação.
"Também falta definição sobre o financiamento da segurança pública. A polícia tem que dar conta, mas não tem contrapartida", critica. Por fim, cita as leis brasileiras, que considera ultrapassadas, como outra causa da falta de confiança. "Não facilitam a punição dos culpados. Como pode o crime organizado nascer dentro das cadeias?", questiona o coronel, que defende uma reforma nas corporações para melhorar o índice de confiança na instituição.
Segundo ele, a polícia brasileira faz parte de uma sociedade que educa crianças com castigos físicos e ensina através da violência ao invés da argumentação. "O brasileiro é mais passional e emotivo do que racional. A polícia se forma nesta cultura", reforça, lembrando que a diferença do policial para o cidadão comum é que o primeiro representa o Estado e tem legitimidade para o uso da força, "uma exclusividade da polícia nas sociedades democráticas e republicanas". "É preciso lembrar que as pessoas também temem o bandido, o traficante... É a violência da sociedade que gera sensação de medo", diz.
O professor diz que uma outra explicação para o resultado do estudo é a memória da ditadura militar, quando polícia e exército exerceram um poder além do previsto na Constituição.
Para ele, a solução para minimizar o medo está em iniciativas como polícia comunitária. "Quando isso ocorre, a tendência é substituir o medo pela colaboração. Mas essas experiências são novas na sociedade brasileira. Em muitos países a polícia não anda armada. Por outro lado, no Brasil, em cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, é normal ver a polícia e o exército nas ruas logo que você sai do aeroporto. É uma sensação muito ruim", classifica.
Sobre a maior sensação de medo entre a população pobre e negra, Prando reforça que a polícia é racista porque a sociedade brasileira é racista. Além disso, a corporação faz policiamento ostensivo nas regiões centrais da cidade, mas só vai até as periferias em situações de confronto, o que justificaria a percepção de risco relatada pelas pessoas que vivem nestes locais.
Falta de confiança
Para o coronel da reserva César Alberto Souza, diretor de comunicação da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai), o resultado da pesquisa não surpreende. "A polícia sempre age representando os 'nãos' da sociedade, cumpre o que definimos que os cidadãos não devem fazer. É natural que pouco mais da metade dos entrevistados tenha medo da polícia", considera, destacando que "a polícia ser temida não é algo tão ruim como parece".
O mais preocupante, segundo ele, é uma pesquisa anterior que detectou que o índice de confiança dos brasileiros na polícia é de 50%. "É um índice baixo, explicado pela situação da polícia brasileira, que não é de ciclo completo e por isso não apresenta soluções para o cidadão", critica.
O baixo índice de resolutividade dos problemas, segundo ele, faz com que a população perca a confiança no trabalho da corporação.
"Também falta definição sobre o financiamento da segurança pública. A polícia tem que dar conta, mas não tem contrapartida", critica. Por fim, cita as leis brasileiras, que considera ultrapassadas, como outra causa da falta de confiança. "Não facilitam a punição dos culpados. Como pode o crime organizado nascer dentro das cadeias?", questiona o coronel, que defende uma reforma nas corporações para melhorar o índice de confiança na instituição.
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