quinta-feira, 24 de março de 2016

Bredo ao coco e Quibebe são tradições na mesa da Semana Santa

Marília BanholzerDo NE10
Coloridos e saborosos, os pratos dos almoços da Semana Santa são uma deliciosa tradição no Nordeste / Foto: Chico Porto/Acervo JC Imagem
Coloridos e saborosos, os pratos dos almoços da Semana Santa são uma deliciosa tradição no NordesteFoto: Chico Porto/Acervo JC Imagem
As receitas com peixe são a principal atração dos almoços realizados na Semana Santa. Mas existem dois pratos que mesmo sendo considerados coadjuvantes, são indispensáveis para algumas famílias. O bredo ao molho de coco e o quibebe (ou purê de jerimum) também fazem parte da tradição da Sexta-feira da Paixão e estão sempre presentes nas mesas nesta época do ano - principalmente no Nordeste brasileiro.

Bredo é plantado apenas 60 dias antes da Semana Santa e "esquecido" no resto do ano
Bredo é plantado apenas 60 dias antes da Semana Santa e "esquecido" no resto do anoFoto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem
O bredo, a plantinha que é esquecida no resto do ano, é rico em ferro e potássio, uma arma poderosa no combate à anemia. Livros que abordam a história da gastronomia brasileira apontam que o bredo é originário da América Central e do Sul, e já era amplamente cultivado por civilizações antigas, como os Maias.

Introduzido na culinária brasileira pelos africanos, o bredo se parece com o espinafre e, depois de refogado, recebe leite de coco para virar acompanhamento do peixe na refeição da Semana Santa. De acordo a cotação do setor de hortaliças do Centro de Abastecimento Alimentar de Pernambuco (Ceasa-PE), a porção de bredo este ano custará, em média, R$ 1 para o atacado (quem compra para revender).

Com isso, a folhagem deve ser vendida acima desse valor nas feiras e mercados. Não é possível comparar com o preço da planta em meses anteriores, já que o bredo é cultivado apenas 60 dias antes da Semana Santa. A plantação, segundo produtores, é pensada exclusivamente para esta época do ano.


Já o quibebe trata-se de um purê de abóbora (ou jerimum). Envolvida em discordâncias sobre sua origem, a teoria mais aceita sobre a receita é de que este seja um prato de origem afroindígena. Também chamada de quibebo, cortado de abóbora e picadinho piauiense - a depender da região onde é preparada, a comida também é um dos símbolos da cultura nordestina.

Este ano, a safra do jerimum não foi boa e deve fazer o preço do legume aumentar
Este ano, a safra do jerimum não foi boa e deve fazer o preço do legume aumentarFoto: Alexandre Belem/Acervo JC Imagem
De acordo com os técnicos da Ceasa, a safra do jerimum não está sendo muito boa e, por causa disso, o preço de legume está um pouco salgado. O quilo está sendo comercializado entre R$ 5 e R$ 6, mas o consumidor deve encontrar o alimento um pouco mais caro nas gôndolas dos supermercados.

Tradição na família da dona de casa Rossana Tiago, 56 anos, no almoço do domingo de Páscoa não pode faltar o quibebe e bredo. "Aqui o costume é reunir a família toda e o quibebe é muito pedido por todo mundo. Ele é ótimo para acompanhar o feijão de coco, fica um gostinho agridoce", contou ela que até já fez o prato em outras situações, mas admite que a tradição fica (quase) restrita à Semana Santa.

Ela ainda prepara bredo ao coco, feijão de coco, salada de bacalhau, peixe de forno e arroz branco. "Aprendi a fazer as receitas com a minha avó, continuei aprendendo com as dicas da minha mãe e hoje sou que quem faço para a minha família", relembrou Rossana Tiago.

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