quarta-feira, 29 de maio de 2019

Hospital pernambucano atinge marca de mil transplantes de fígado realizados

Jayme da Fonte é um dos centros médicos que compõem a Unidade de Transplantes de Fígado (UTF), que transformou Pernambuco em referência mundial


Foram 13 meses de espera na fila até o transplante de fígado que salvou a vida de Kresler Gouveia, 54 anos. Um procedimento fundamental para o alagoano que sofria de hepatite não alcoólica e simbólico para o Hospital Jayme da Fonte.

O químico industrial foi o milésimo paciente a ter o procedimento realizado no centro médico, terceiro colocado no ranking nacional de transplantes hepáticos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. “Foi uma barra muito grande para mim e minha família. Tive encefalopatia hepática, perdi os sentidos, fiquei em coma, mas agora estou bem. Quero caminhar, fazer academia, natação, tudo que fazia antes”, conta Kresler.

O transplante foi mais um para as estatísticas da equipe liderada pelo médico Cláudio Lacerda, um dos grandes responsáveis por ter tornado o estado em referência internacional. “Até hoje, a Unidade de Transplantes de Fígado realizou 1.400 transplantes, 1.000 deles no Jayme da Fonte. Todos por meio do Sistema Único de Saúde, nenhum particular, nenhum por plano de saúde”, relata Lacerda.

A Unidade de Transplantes de Fígado foi iniciada no Hospital Oswaldo Cruz no ano 2000. Pouco depois, com o aumento da demanda, o Jayme da Fonte se somou ao grupo que, posteriormente, ganhou a companhia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e do Hospital Nossa Senhora das Neves, de João Pessoa (PB). “É, sem dúvida, um dos maiores programas de transplantes de fígado do mundo. Em toda a Europa, por exemplo, somente quatro centros fazem mais de 100 transplantes por ano. Aqui, este ano, faremos de 130 a 140”, ressalta o médico.

A encefalopatia que acometeu Kresler é um dos vários sintomas que pacientes com problemas hepáticos graves podem sofrer. De acordo com Cláudio Lacerda, isso se deve ao papel fundamental do fígado no corpo. “É o transplante mais desafiador, pois a falência do fígado deixa as pessoas muito doentes. O organismo todo entra em falência, o paciente perde massa muscular, o cérebro sofre com a encefalopatia, que gera esquecimento, confusão mental. Ou seja, o doente que vai ser operado já é um doente grave”, explica Cláudio Lacerda.

Fábio Martins atuava como motoboy, em Londres, quando descobriu que tinha hepatite autoimune e cirrose hepática não-alcoólica. Sua saúde se debilitava mais a cada dia e um transplante de fígado era a única forma de salvar a sua vida. Como não tinha cidadania inglesa, precisava viajar ao Brasil numa UTI aérea para que sua vida fosse salva. Graças à solidariedade da comunidade brasileira em Londres e, sobretudo, a alguns jogadores da seleção brasileira de futebol como Philippe Coutinho, David Luiz e Gabriel Jesus, conseguiu o dinheiro necessário para viajar até Recife, onde a equipe de Cláudio Lacerda realizou o transplante. “Eu costumo dizer que Recife é minha segunda casa, eles salvaram a minha vida. Posso conviver com minha filha, minha esposa, meus amigos graças a eles”, afirma Fábio.

A fila pernambucana
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, atualmente 111 pessoas estão à espera de um transplante de fígado em Pernambuco. Em média, cada uma delas passará cinco meses no aguardo até a realização do procedimento, que pode ser realizado por doador cadáver ou no modo intervivos, quando apenas uma parte do órgão é transplantado.

De janeiro a abril deste ano, 55 transplantes de fígado foram feitos, número 30% maior na comparação com o mesmo período de 2018, ano em que o estado bateu recorde nesse tipo de procedimento, com 137 pessoas recebendo um novo fígado. Fonte: FolhaPE

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