sábado, 15 de junho de 2019

Patativa chega aos 100 anos revigorada

Maior força do interior do Estado, Central celebra centenário contando com fidelidade do seu torcedor e sonhando com voos mais altos


Caruaru é mesmo um lugar abençoado. Hiperbólica por natureza, a cidade mais populosa de Pernambuco é conhecida por ter a maior festa de São João do mundo e uma das maiores feiras ao ar livre do planeta. A chamada Capital do Forró - que deu à luz artistas como Mestre Vitalino e Petrúcio Amorim - também pode bater no peito e se orgulhar de ser nada mais, nada menos do que o berço do Central Sport Club. E quem diria que, no distante 15 de junho de 1919, que o alvinegro caruaruense chegaria firme e forte aos 100 anos de existência. Nesse período, como todo grande clube tropeçou, se reergueu, e encontrou a estabilidade. Neste sábado, a Patativa do Agreste celebra o seu centenário com tudo a que tem direito, contando com a fidelidade de sua apaixonada torcida e sonhando com voos mais altos.

Fundado no espaço cedido pela Sociedade Musical Comercial Caruaruense, o Central foi batizado em alusão à ferrovida Estrada de Ferro Central, dirigida pela companhia inglesa The Great Western of Brazil Railway Company. O mascote não poderia ser outro, pois a patativa era uma espécie em abundância nos arredores da estação. Embora tenha sido idealizado com objetivos recreativos, para disputar jogos amistosos, o destino acabou sendo generoso com o time alvinegro. Aos poucos, a equipe foi caindo nas graças dos caruaruenses, conquistou torcedores e o caminho da profissionalização se tornou inevitável. Apesar de nunca ter conquistado um Campeonato Pernambucano, a agremiação escreveu belas páginas e se consolidou como a maior força do interior do Estado.

Entre alguns de seus feitos, está a vitória sobre o poderoso Flamengo da década de 1980. "O Central já viveu altos e baixos. Teve uma época muito boa nos anos 1980. Em 1986 ficou entre os três do Pernambucano e jogou o Brasileiro. Eram quatro chaves com dez equipes e o campeão de cada chave entrava no mesmo ano na Série A. Aí foram campeões Central, Treze/PB, Criciúma e Inter de Limeira. Depois, pegamos Flamengo, Fluminense, Grêmio... E ganhamos do Flamengo aqui, em um jogo que ficou na memória, em outubro de 1986. O campo já estava lotado às 18h e o jogo era às 21h. O Flamengo veio completo, com Bebeto, Mozer... É o maior público até hoje (mais de 24 mil pessoas). Foi uma festa muito grande", lembra, com precisão de detalhes, o apaixonado centralino João Tavares, ex-presidente (2010/11).

Mandatário da Patativa em meados da inesquecível década de 1980, Edgar Aragão hoje reside no Recife, mas não larga o amor pelo clube que dirigiu. "Eu só tenho a parabenizar o Central pelos seus 100 anos de existência. Fui presidente, tive a honra de contar com uma ótima diretoria ao lado e a torcida do Central foi muito importante na minha gestão, me deu muito apoio. O Central hoje é realmente um marco na história do futebol de Pernambuco. Graças a Deus eu tive grandes amizades, fui um dos responsáveis pela construção do Lacerdão e até hoje sou reconhecido por isso", relembra. "Jogamos em São Paulo, Rio, no Brasil inteiro, e sempre o Central é bem lembrado. Hoje o clube está no caminho certo e acredito que será campeão pernambucano, com essa diretoria, que tem Clóvis Lucena (atual presidente) à frente", acredita.

A Patativa do Agreste também não saiu do coração de quem já envergou o manto alvinegro. Não faltam exemplos de jogadores que vieram para uma breve passagem por Caruaru e acabaram fincando raízes na Capital do Forró. Esse é o caso do ex-meia Paulinho, destaque nos anos 1970 e que rodou por outros clubes até ser campeão brasileiro em 1985, pelo Coritiba. Após atingir as glórias nos campos, voltou à cidade que o projetou para o mundo da bola. "Cheguei em Caruaru muito novinho. Não nasci aqui, mas me considero caruaruense. Foi onde eu construí minha família, com minha esposa, duas filhas, uma neta. Jogador é feito cigano, mas nosso lugar é onde deixamos plantado. Todo mundo me conhece aqui e o Central é muito maravilhoso. Foi uma alegria grande ter jogado aqui", orgulha-se.

Situação semelhante é a do alagoano Gilvan dos Santos, que ficou famoso pelos tempos em que atuava como quarto-zagueiro e atendia pelo nome de Timbó. O ex-atleta passou pelo clube no início na década de 1980, atuou em outras equipes, mas voltou à terra da Patativa. "Do Central eu só posso falar coisas boas. Estou hoje em Caruaru por causa do Central. Então o Central para mim é tudo. Aqui eu sou tratado muito bem, as pessoas têm um carinho muito grande por mim. É uma cidade boa, que me acolheu bem, então eu só tenho a agradecer", enfatiza. "Estou sempre com o radinho do lado, ouvindo a resenha, acompanhando o clube de perto. Fui até para Portugal jogar, mas voltei para cá, onde fiz família e as pessoas me tratam com aquele carinho", ressalta o saudosista Timbó.

Comemoração
O Central preparou um dia de comemorações para este sábado, horas antes de enfrentar a Jacuipense, pela Série D, às 16h. A partir das 7h30, no gramado do Lacerdão haverá o hasteamento da bandeira, execução do Hino Nacional e 100 tiros de bacamarteiros. Às 8h, no Teatro Difusora, o clube fará homenagens a ex-jogadores, ex-dirigentes, autoridades, patrocinadores e colaboradores. Além disso, o evento terá declamação de cordel e o corte do bolo. O presente para os torcedores será a entrada gratuita para o jogo da tarde contra o clube baiano. No próximo dia 30 de junho, às 16h, está programado um amistoso especial da Patativa diante do Corinthians, também no Lacerdão. Fonte: FolhaPE



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