quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Golpe da marmita faz novas vítimas



Após a Folha de Pernambuco divulgar que uma mulher aplicou o golpe da marmita em Pernambuco e na Paraíba, aumentou a quantidade de pessoas que se dizem vítimas dela nas redes sociais. Saltou de 350 para mais de 400 o número de seguidores do perfil @golpe.marmitasrecife, criado no Instagram para reunir quem foi lesado pela golpista. Segundo as vítimas, a suspeita pede o pagamento antecipado, mas nunca faz a entrega dos alimentos conforme combinado.

Um das primeiras vítimas pode ter sido a comissária de bordo Louise Antunes, de 28 anos, que mora no Recife desde 2014. Há cerca de dois anos, ela foi enganada quando tentou comprar comida fitness pela internet. "Fechei um pacote de R$ 150, mas no dia da entrega ela inventou que o motoqueiro tinha sofrido um acidente e iria me recompensar com cinco marmitas grátis. Passou um mês e ela sumiu, nunca senti nem o cheiro da comida, mas de tanto cobrar ela acabou devolvendo meu dinheiro", disse Louise, que até então não desconfiava de um golpe.


Para a surpresa da comissária de bordo, alguns meses ela se deparou com outras pessoas lesadas pela mesma vendedora. "Ela já fez uns dez perfis no Instagram sempre com nomes diferentes, mas sempre age da mesma forma para conseguir o dinheiro das pessoas. De umas 20 vítimas que conversei soube que de apenas duas que receberam as marmitas, mas não receberam todas que foram compradas e, além disso, a comida estava estragada ou fora do padrão que foi combinado", falou Louise.

Uma das vítimas mais recentes foi o analista Jean Soares, 29, que ao voltar a praticar corrida resolveu comprar comida congelada. "Ela não aceitava um cartão refeição que minha empresa fornece por ter uma taxa de juros alta. Então, ela sugeriu pegar meu cartão, comprar os insumos e em seguida devolver. Como já tive experiência semelhante com outras duas empresas que oferecem o mesmo serviço não pensei em hipótese alguma que seria algum tipo sacanagem", disse Jean.

Ele fez um pacote de R$ 259,90, para 20 marmitas, e no mesmo dia que entregou o cartão a suspeita fez uma compra com o valor aproximado, contudo três dias depois ela fez uma nova compra de R$ 70. "Bloqueei o cartão e entrei em contato com ela novamente, mas ela veio várias desculpas e me bloqueou no WhatsApp. Depois disso fui pesquisar na internet e descobri que outras pessoas já tinham sido vítima da mesma pessoa", disse. O analista disse que imprimiu todas as conversas e hoje irá na delegacia fazer um Boletim de Ocorrência (BO).

Investigação
De acordo com a delegada da Boa Vista, Alcilene Marques, a suspeita pode ser indiciada pelo crime de estelionato e pegar de um a cinco anos de prisão, além de multa. A delegada informou que existe um número razoável de denúncias contra a mesma pessoa e o inquérito está avançado, mas não pode dar detalhes até a conclusão para não atrapalhar as investigações. "A figura do estelionatário usa de diversos artifícios para conquistar a confiança da vítimas e identificar as necessidades delas, por isso as pessoas precisam ficar atentas", disse Alcilene Marques.

A delegada ressalta que nunca se deve fornecer dados pessoais a desconhecidos. "A pessoa se previne começando a saber da procedência do que o criminoso está ofertando. Deve-se procurar se outras pessoas já usaram o serviço e foram lesadas ou não. Jamais se comprometer com qualquer proposta que possa vir de um estranho naquele momento da emoção, do desejo de obter algo. Espere um tempo para avaliar as possibilidades antes de realmente fechar uma compra", falou.

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