sábado, 5 de outubro de 2019

Campanha alerta para o diagnóstico precoce do câncer de mama

Até o fim de 2019, vão surgir 59.700 novas incidências no País, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em Pernambuco, 2.680 mulheres serão diagnosticadas no mesmo período.

Até o fim de 2019, vão surgir 59.700 novas incidências no País, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em Pernambuco, 2.680 mulheres serão diagnosticadas no mesmo período.



Embora seja disseminado no mundo todo, o movimento teve início em Nova Iorque, nos Estados Unidos, no começo da década 1990. Através da Fundação Susan G. Komen for the Cure, laços da cor rosa foram distribuídos na Corrida pela Cura na cidade norte-americana. Desde então, a data é lembrada na cidade todos os anos. No Brasil, o processo de divulgação foi mais lento, tendo os primeiros indícios da campanha apenas uma década depois, em algumas cidades de São Paulo. Neste processo, outros municípios do País aderiram ao Outubro Rosa, tendo a acessibilidade aos exames como foco.
Hoje, não se pode falar de diagnóstico sem citar a mamografia. Para a coordenadora de mastologia do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), Denise Sobral, este mês simboliza a desmistificação do exame. “Hoje, uma das maiores fake news que prejudicam o diagnóstico é a de que a mamografia faz mal, causa câncer, que aumenta os problemas e outras mentiras que propagam em redes sociais. Não dá para falar em diagnóstico do câncer de mama, hoje, sem falar em mamografia. É o meio mais eficiente e mais rápido de descobri-lo”, explica a coordenadora.
O Sistema Único de Saúde (SUS) indica que as mulheres acima dos 40 anos façam, anualmente, este processo de rotina. É justamente a partir desta faixa etária, principalmente depois 50 anos, que há a maior incidência de casos da doença. “Qualquer mulher pode agendar os exames em unidades básicas de saúde, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de especialidades,  e também no Hospital da Mulher do Recife (RMR). O processo é simples e se feito quanto antes é melhor. Se o tumor é descoberto quando está no estágio inicial é mais fácil de ser tratado e a chance de cura é de mais de 90%”, afirma a mastologista Denise Sobral.

Mesmo para as mulheres que não estão na faixa, a médica recomenda alguns procedimentos de rotina, como consultas e exames ginecológicos, além do autoexame. Em uma dessas consultas que Arleide Dutra, de 38 anos, descobriu o tumor em um dos seios. “Eu tinha 34 anos quando fui na médica e ela me falou que era leite pedrado, porque minha filha era pequena. Mas ela já tinha quatro anos e fazia tempo que não a amamentava. Então, ela me deu o encaminhamento para o Hospital do Câncer e, desde então, já fiz mais de 230 quimioterapias. Eu costumo dizer que sou um milagre do senhor”, relata Arleide.
Saindo todas as segundas-feiras de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Arleide conta com um apoio multidisciplinar no HCP, no bairro de Santo Amaro, no Centro. Ela comemora cada passo avançado com o tratamento. “Eu tenho muita fé em Deus que já estou curada. Aqui no hospital acabamos ganhando uma nova família com essas mulheres. Minha filha de 9 anos me apoia muito e ajuda na minha autoestima. Teve uma vez que ela me falou que careca ou com cabelo eu era a mãe mais linda do mundo”, comemora.
Além do tratamento integrado, Arleide conta com duas redes de apoio - grupo Renascer e Mulheres Valorosas -, na unidade hospitalar. O segundo grupo foi idealizado pela técnica de enfermagem e estudante de serviço social, Lena Gomes, de 43 anos, após o tratamento do câncer dela no hospital. “Eu descobri o câncer na minha mama através de um toque. Eu estava trabalhando no supermercado, fazendo um pão. E de repente descobri um nódulo bem duro em minha mama. Eu procurei um mastologista, que me examinou, e de cara achou que não era uma coisa boa. Houve o encaminhamento e em seguida fui submetida a uma biópsia. Foi descoberto que eu tinha um câncer já na fase 3”, relata.
Com o processo de descoberta de um tumor, Lena se surpreendeu com o surgimento de um nódulo em outra mama, no início da idade considerada de risco. “Meu chão caiu. Fui submetida a uma mastectomia e depois passei por 16 sessões de quimioterapia. Pensando que estava livre, meu mastologista me propôs fazer a retirada dos ovários e depois tirei o útero e trompas. Depois de todo esse processo, criei o grupo de mulheres valorosas - todas pacientes do HCP -, e tenho muito orgulho de todas elas, pois fazemos o bem sem olhar a quem”, comemora a técnica.
A importância da prevenção durante o ano
Descobrir o câncer de mama já em estágio avançado é mais comum do que se imagina. De acordo com um estudo feito pelo Instituto Oncoguia, 35% dos pacientes analisados pela pesquisa descobriram a doença numa etapa tardia. E quanto mais tarde o diagnóstico, mais trabalhoso é o tratamento do tecido cancerígeno, podendo ter chances de metástase. A descoberta tardia é hoje a principal causa de mortes pela doença. Tanto que é o câncer que mais mata mulheres no País, tendo uma incidência de óbitos de 13,22 óbitos/100.000 mulheres em 2017, de acordo com o INCA.
Para o mastologista e diretor da unidade câncer de mama do instituto, Marcelo Bello, dar seguimento ao processo entre a suspeita e o tratamento é um dos pontos importantes para garantir a longevidade das pacientes. “Além do diagnóstico, essa paciente paciente precisa ter o acesso rápido à biópsia. Com isso, o tratamento pode ser menor e com menos mutilação. Mas, a depender dos lugares no Brasil, esse processo é muito demorado. No Rio de Janeiro, por exemplo, entre a descoberta da lesão e o tratamento, esse período pode levar até 90 dias”, afirma o mastologista.
Segundo Marcelo Bello, alguns fatores podem ser preventivos do câncer, a exemplo de seguir um padrão de vida mais saudável. “Vários estudos comprovam que atividades físicas ajudam na prevenção do câncer, além de hábitos saudáveis, como evitar consumir bebidas alcoólicas. Muitas pessoas começam a beber muito cedo, com 15 ou 16 anos”, frisa, complementando que a enfermidade não significa o fim da vida das pessoas. “Muita gente encara o câncer como uma sentença de morte, o que não é verdade. Se o diagnóstico e o tratamento forem realizados em processo ágil, mais chance de vida para o paciente”. 

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