quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Violência entre torcidas volta à rotina

Um dia após tumulto no Centro, organizadas protagonizam mais confusão. Enquanto isso, FPF ataca contra vândalos e polícia investiga ocorrência

Organizada do Sport armou emboscada contra tricolores

Após a confusão provocada por uma organizada do Sport, na última segunda-feira, no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista, durante uma festa em comemoração ao aniversário de 106 anos do Santa Cruz, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, indicou, em entrevista à Rádio Jornal, que a Polícia Militar de Pernambuco deveria ter a autorização para matar os envolvidos que provocaram o tumulto. A Polícia Civil está apurando o caso. Clube, órgão de segurança o governador do Estado, Paulo Câmara, também se posicionaram sobre o assunto, que voltou à tona. Nesta terça-feira, antes de Sport x Retrô, pelo Estadual, integrantes de torcidas voltaram a se enfrentar, desta vez no Metrô do Recife.
“Eles são um câncer que não conseguimos resolver. Atribuo a culpa exclusivamente ao Congresso Nacional. Com essas leis frouxas, inadequadas, nós ficamos reféns dos marginais. São criminosos que se utilizam do evento do futebol ou da existência de uma entidade para extravasar essa chaga social. A Polícia Militar precisa ser elogiada. Eu lamento apenas que ela tenha atirado para cima. O ideal é que tivessem atirado neles. Teríamos hoje 30, 40 bandidos a menos. Infelizmente, nós temos essa defasagem que o presidente (Jair) Bolsonaro ainda não conseguiu fazer, que seria ter pena de morte. Esse tipo de gente precisa ser executado. A PM não pode bater porque será processada. Não podem nem botar eles no sol no Quartel do Derby, para lavar banheiro e capinar. Na verdade, nós temos que tratar eles com cafezinho e água, respeitando o pseudo direitos humanos que eles têm”, afirmou Evandro.
“Nós já temos uma reunião dia 10 de fevereiro com a coordenadoria dos juizados e os presidentes dos clubes. Mas confesso que já vou desanimado porque nada do que a gente pode fazer adianta se não tiver a força do Estado. Essas pessoas serão identificadas, com a contribuição da Federação, do disque-denúncia, mas vão receber uma pena de advertência, proibindo de ir aos jogos. Só que eles vão do mesmo jeito porque não tem onde colocá-los. Devemos ter hoje 800 torcedores assim, mas onde que eu vou colocar? Nenhum juizado comporta. A sociedade está refém da bandidagem porque nossos congressistas são covardes”, completou.
Em nota, o Sport disse que “se solidariza com todos os tricolores e vai procurar as autoridades do Ministério Público no intuito de averiguar todos os procedimentos para o banimento dos participantes”. Na terça-feira, o clube enviou um oficio à Coordenadoria da Central de Inquéritos do Ministério Público de Pernambuco solicitando investigação e identificação dos envolvidos no tumulto. Ainda foi solicitado que a lista dos identificados seja repassada aos rubro-negros para expulsão do quadro social e proibição de acesso às dependências do estádio. A principal organizada do Sport publicou via rede social uma mensagem dizendo que "repudia todo e qualquer ato de vandalismo" e que "não compactua" com o ato ocorrido.
A PM também se posicionou sobre o caso. O órgão citou ter sido “surpreendido” pela ação dos vândalos. “Foi uma invasão de um grupo com cerca de 80 pessoas. Eles chegaram de forma bastante agressiva, usando pedras, paus e garrafas para atingir os torcedores que festejavam. De imediato, os policiais, que estavam posicionados em frente à igreja, partiram para cima na tentativa de contê-los. Ao mesmo tempo, tricolores também decidiram resistir aos invasores e teve início uma briga generalizada. A ação da PM, no entanto, evitou que o pior acontecesse, dispersando os agressores. Dois deles ficaram machucados e acabaram detidos, mas foram liberados porque ninguém quis representar contra eles”, declarou, também em nota. A Polícia Civil de Pernambuco instaurou inquérito para investigar o caso e está analisando as imagens divulgadas em redes sociais e de câmeras de segurança da área para identificar todos os envolvidos.
Segundo Maurício Murad, doutor em sociologia dos esportes e autor do livro “Para entender a violência no futebol”, a melhor opção para coibir casos como o do último fim de semana seria endurecer a punição, mas não adotando a lei da pena de morte. "Precisamos reduzir a impunidade. Nossa média histórica é de apenas 3% de punição para quem comete crimes no universo do futebol. É preciso também um treinamento especializado das polícias, criando penalidades contra a infiltração de delinquentes nas torcidas organizadas", apontou.
SDS
A Secretaria de Defesa Social indicou que combate às ações de vandalismo foi fortalecido, desde 2019, com a criação do Grupo de Trabalho Futebol (GT Futebol), composto por integrantes da própria SDS, de seus órgãos operativos, assim como de representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Federação Pernambucana de Futebol. Já a Polícia Civil tem ampliado as investigações para retirar de circulação grupos que tem objetivos de promover a violência no futebol, desencadeando uma série de Operações de Repressão Qualificadas, como as Operações Gol de Placa, Arquibancada, Cartão vermelho e VAR.
Governador
Questionado sobre a posição do presidente da FPF, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, preferiu elogiar o trabalho da Polícia Militar. “Uma posição dessas nem dá para comentar. Temos de salvar vidas e não tirar. A PM foi responsável e fez um trabalho sério diante de uma situação que não estava prevista, sendo vigilante e atuante. Queremos coibir qualquer tipo de violência”, afirmou.

Mais confusão
Integrantes de torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz protagonizaram mais uma briga no Recife, desta vez na Estação Tancredo Neves, nesta terça-feira. Imagens que circulam nas redes sociais mostram os membros das facções se agredindo com chutes e socos e algumas pessoas correndo. A confusão causou tumulto no local, mas ninguém foi detido pela polícia.

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