sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Caruaru acaba de perder mais um de seus filhos ilustre.


Vital Santos


Paulo Nailson, na marca da exclusividade, noticia que Vital Florentino da Silva, Vital Santos foi internado no Hospital Ilha do Leite, em Recife, onde estava residindo. Com dificuldades respiratórias e veio a óbito com uma parada cardíaca aproximadamente as 9 da manhã de hoje.

Um dos maiores percussores da via teatral de resistência, o teatrólogo Vital Santos iniciou sua carreira em Caruaru e em 1966 foi um dos fundadores do Grupo Evolução. Após a peça “Feira de Caruaru”, peça baseada no livro “Terra de Caruaru” de José Condé, fundou o Grupo Feira de Teatro Popular. Segundo conta no livro Memória da Cena Pernambucana 02, de Leidson Ferraz, o grupo tinha como intenção “formar platéias, conscientizar o povo.”

O Grupo Feira, como ficou conhecido, produziu peças que questionavam sempre a história política do país, mesmo em meio a um cenário político que promovia a censura a qualquer oposição ou questionamento. “Rua do Lixo, 24” e “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” mostravam o quanto algumas atitudes políticas se mostravam medíocres. A crítica sempre estava presente nas peças.

Vital relembra alguns momentos quando a censura agiu ferozmente diante da arte do Grupo. Ao se apresentar com a peça “Rua do Lixo,24”, em Brasília, em 1978, viveu alguns momentos de tensão. A peça havia sido quase toda censurada, mesmo esta peça tendo sido escrita dez anos antes da implantação do Golpe Militar. Após a apresentação, um agente da Política Militar intimou Vital a comparecer à Polícia Federal, às 9h do dia seguinte, onde sofreu tortura psicológica.

Em 1975, quando iam apresentar a peça “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” no teatro UFPE, os censores proibiram a peça pouc tempo antes da hora marcada para a apresentação. Em 1976, na I Mostra do Teatro Amador de Pernambuco, no Teatro santa Isabel, os censores só permitiram que “rua do Lixo, 24” fosse apresentada porque era um festival.

A peça “A árvore dos mamulengos” recebeu convite para se apresentar na França, mas o convite teve que ser rejeitado, por se eles viajassem, podiam ser impedidos de regressar.

Mesmo com todos os obstáculos, Vital, junto com o Grupo Feira conseguiu seguir adiante, enriquecendo o cenário teatral de Caruaru e de todo Brasil. Ad provas do sucesso são os prêmios conquistados. Com a peça “Rua do Lixo 24″, escrita em 1968, ganhou cinco prêmios no Festival Nacional de Teatro (realizado em 1969) e percorreu o Brasil inteiro. Com a peça “O Auto das Sete Luas de Barro” (uma biografia do ceramista Mestre Vitalino) ganhou vários prêmios, entre os quais o Prêmio Molière; Mambembe; da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo e o Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro. Outra peça ganhadora de vários festivais nacionais de teatro foi “O Sol Feriu a Terra e a Chaga se Alastrou”.

Em 1981, escreveu “A Noite dos Tambores Silenciosos” , narrando os episódios de 1964. Depois em 1983 escreveu “Olha pro Céu meu Amor”, baseado na vida e obra de Seba. Em 2011, Vital foi um dos homenageados do São João de Caruaru em 2011. As informações iniciais é que será velado e enterrado no Parque das Flores.

Estou ainda em Recife, diz Paulo Nailson, perplexo com a notícia, ao lado de Seba, na FUNDARPE, no momento exato em que fazemos a inscrição para o Patrimônio Vivo, e acabamos de receber esta trágica e triste notícia, que nos deixa todos enlutados.

Seba, me fala agora em lágrimas, que Vital sempre significou vida, e que devemos honrar e dar continuidade a sua obra que enaltece do nosso povo com a cultura popular. Digo isso em nome de todos que fazem a Companhia de Teatro Feira Popular”. Que Deus conforte sua sua amada e companheira Luciana, esposa e duas filhas filhas. Fonte jornal de Caruaru

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