
Paulo Nailson, na marca da exclusividade, noticia que Vital Florentino da Silva, Vital Santos foi internado no Hospital Ilha do Leite, em Recife, onde estava residindo. Com dificuldades respiratórias e veio a óbito com uma parada cardíaca aproximadamente as 9 da manhã de hoje.
Um dos maiores percussores da via teatral de resistência, o teatrólogo Vital Santos iniciou sua carreira em Caruaru e em 1966 foi um dos fundadores do Grupo Evolução. Após a peça “Feira de Caruaru”, peça baseada no livro “Terra de Caruaru” de José Condé, fundou o Grupo Feira de Teatro Popular. Segundo conta no livro Memória da Cena Pernambucana 02, de Leidson Ferraz, o grupo tinha como intenção “formar platéias, conscientizar o povo.”
O Grupo Feira, como ficou conhecido, produziu peças que questionavam sempre a história política do país, mesmo em meio a um cenário político que promovia a censura a qualquer oposição ou questionamento. “Rua do Lixo, 24” e “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” mostravam o quanto algumas atitudes políticas se mostravam medíocres. A crítica sempre estava presente nas peças.
Vital relembra alguns momentos quando a censura agiu ferozmente diante da arte do Grupo. Ao se apresentar com a peça “Rua do Lixo,24”, em Brasília, em 1978, viveu alguns momentos de tensão. A peça havia sido quase toda censurada, mesmo esta peça tendo sido escrita dez anos antes da implantação do Golpe Militar. Após a apresentação, um agente da Política Militar intimou Vital a comparecer à Polícia Federal, às 9h do dia seguinte, onde sofreu tortura psicológica.
Em 1975, quando iam apresentar a peça “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” no teatro UFPE, os censores proibiram a peça pouc tempo antes da hora marcada para a apresentação. Em 1976, na I Mostra do Teatro Amador de Pernambuco, no Teatro santa Isabel, os censores só permitiram que “rua do Lixo, 24” fosse apresentada porque era um festival.
A peça “A árvore dos mamulengos” recebeu convite para se apresentar na França, mas o convite teve que ser rejeitado, por se eles viajassem, podiam ser impedidos de regressar.
Mesmo com todos os obstáculos, Vital, junto com o Grupo Feira conseguiu seguir adiante, enriquecendo o cenário teatral de Caruaru e de todo Brasil. Ad provas do sucesso são os prêmios conquistados. Com a peça “Rua do Lixo 24″, escrita em 1968, ganhou cinco prêmios no Festival Nacional de Teatro (realizado em 1969) e percorreu o Brasil inteiro. Com a peça “O Auto das Sete Luas de Barro” (uma biografia do ceramista Mestre Vitalino) ganhou vários prêmios, entre os quais o Prêmio Molière; Mambembe; da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo e o Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro. Outra peça ganhadora de vários festivais nacionais de teatro foi “O Sol Feriu a Terra e a Chaga se Alastrou”.
Em 1981, escreveu “A Noite dos Tambores Silenciosos” , narrando os episódios de 1964. Depois em 1983 escreveu “Olha pro Céu meu Amor”, baseado na vida e obra de Seba. Em 2011, Vital foi um dos homenageados do São João de Caruaru em 2011. As informações iniciais é que será velado e enterrado no Parque das Flores.
Estou ainda em Recife, diz Paulo Nailson, perplexo com a notícia, ao lado de Seba, na FUNDARPE, no momento exato em que fazemos a inscrição para o Patrimônio Vivo, e acabamos de receber esta trágica e triste notícia, que nos deixa todos enlutados.
Seba, me fala agora em lágrimas, que Vital sempre significou vida, e que devemos honrar e dar continuidade a sua obra que enaltece do nosso povo com a cultura popular. Digo isso em nome de todos que fazem a Companhia de Teatro Feira Popular”. Que Deus conforte sua sua amada e companheira Luciana, esposa e duas filhas filhas. Fonte jornal de Caruaru
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.