Angélica SouzaDo NE10
“É meia-noite! Instante augusto é esse em que baixou junto a nós o Homem-Deus. Para limpar a nossa culpa fez-se propiciatório que a nós abre os céus. O Mundo inteiro freme de esperança, na noite que lhe dá um Salvador. De joelhos, povo! Aguarda a nova aliança! Natal! Natal! Nasceu o redentor! Natal! Natal! Nasceu o Redentor!”

No Recife, a celebração é realizada todos os anos na Praça do DerbyFoto: JC Imagem
Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor Evangelho de São Lucas 2, 10-11
Antigamente, eram celebradas três missas, uma à meia-noite, outra às 3 horas e uma ao amanhecer. “Quando eu era criança, lembro que os pais levavam os filhos para a primeira missa. Nós acordávamos, por volta das 23h e encontrávamos a Igreja bastante iluminada e tudo isso tornava a noite muito especial”, conta o Doutor em Teologia Litúrgica Jacques Trudel, conhecido como Padre Jaime. Natural do Canadá, o sacerdote mora no Brasil há mais de 40 anos. “Eram três evangelhos diferentes, um para cada missa. Oprimeiro era o prólogo de São João “nele estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,4). O segundo era o nascimento de Jesus no Evangelho de Lucas “(...)E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7) e o terceiro era a chegada dos reis magos com o evangelho de Mateus. “E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra (Mt 2, 11)”, explica.
Padre Jaime lembra, ainda, além dos evangelhos, o canto de entrada Minuit, chrétiens ( Meia-noite, Cristãos ) era um dos pontos fortes da celebração. Entre as lembranças felizes, recorda a família reunida após a celebração para a Ceia de Natal. “Era um momento muito feliz para nossa família”.
“Semana passada durante a celebração eu recordei um fato que um rapaz contou. Ele disse que, um dia no interior, ele foi levar umas encomendas em uma cidade vizinha. Ele havia aprendido a dirigir há pouco tempo e o carro caiu em um buraco e ele não conseguiu mais ligar. Estava uma escuridão imensa e ele não sabia o que fazer. De repente ele viu uma luz vindo. Então pensou: 'Chegou minha salvação!' O irmão dele, sentindo sua ausência foi ao seu encontro procurar saber o que havia acontecido. Ele estava na estrada, perdido, nas trevas e de repente veio a luz. O Natal é isso: a salvação que vem com a luz. Quando estamos perdidos, uma luz vem se aproximando. É como diz a primeira leitura da missa do Galo: a luz brilha nas trevas (cf Is 9, 1-6)”
Nasceu-nos hoje um menino. Um filho nos foi doado. Grande é este pequenino. Rei da Paz será chamado. Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Para Willams, é a “celebração da chegada de mais um em nossa casa”. Ele, que começou a frequentar as missas do Galo na companhia dos pais, ainda criança, lembra que a celebração de Natal inesquecível aconteceu na Igreja da Mustardinha, na Zona Oeste do Recife, quando em 1995, presenciou o presépio vivo. “Isso aproximou o Divino à minha humanidade. A Sagrada Família tornou-se também minha família”.
Atualmente as igrejas celebram apenas uma missa. Em algumas comunidades, no Brasil, as missas deixaram de ser celebradas à meia-noite para garantir a segurança dos fiéis na volta para casa. Em Roma, a celebração acontece desde o século V, celebrada pelo Papa. Com o passar dos anos, o galo passou a simbolizar vigilância, fidelidade e testemunho cristão.
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