sábado, 31 de janeiro de 2015

Defesa de acusados de matar Thiago Faria aponta contradições em relatos de Mysheva



Os advogados de dois dos acusados de envolvimento na morte do promotor de Justiça Thiago Faria Soares apresentaram contradições nos depoimentos prestados por Mysheva Freire Ferrão Martins, noiva da vítima, às polícias Civil e Federal (PF). Os responsáveis pela defesa do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, apontado como mandante do crime, e de José Marisvaldo Vitor da Silva tiveram acesso aos relatos e afirmaram, em entrevista concedida na tarde desta sexta-feira (30), que esperam que os pontos frágeis no processo sejam reconsiderados.

Os depoimentos foram prestados em 14 de outubro de 2013, mesma data do assassinato, e em 30 de novembro de 2014, após a PF assumir as investigações. Os advogados afirmaram que Mysheva se contradisse na descrição do momento em que o carro dos executores se aproximou do veículo em que ela, um tio dela e Thiago Faria estavam, na PE-300, entre Itaíba e Águas Belas, no Agreste do Estado.
Os relatos também tiveram diferenças, segundo os representantes, no que diz respeito à descrição da abordagem do atirador. Outro ponto discrepante seria a respeito dos últimos momentos de vida de Thiago Faria, que, conforme o que consta em um dos relatos, teria trocado palavras com a noiva, mesmo baleado, mas, de acordo com falas de outro depoimento da mesma testemunha, teria morrido instantaneamente ao receber os tiros.
“Não estamos acusando-a de nada. Apenas queremos que se investigue, já que a principal testemunha ocular do crime apresenta tantas contradições”, declarou o advogado Fernando Muniz, acrescentando que Mysheva foi tratada como vítima desde o início das investigações. “Como depoimentos contraditórios como esses foram usados para fundamentar e incriminar alguém?”, criticou.
A defesa afirmou, ainda, que já deu entrada no pedido de revogação da prisão dos dois acusados. “Vamos esperar as ouvidas das 16 testemunhas arroladas no processo e aguardar a posição da Justiça. E, mais adiante, esperamos sensibilizar os promotores em busca de elucidar os fatos da forma como eles merecem”, completou Muniz.
No último dia 15, o Juízo da 36ª Vara Federal em Pernambuco recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF). Além do homicídio doloso, os acusados também vão responder pela tentativa de homicídio de Mysheva e de Adauto Martins, tio dela, que também estavam no carro, mas não ficaram feridos.
Apesar de mais pessoas terem sido investigadas, a ação penal incluiu cinco homens: além de José Maria Rosendo e de José Marisvaldo, foram indiciados José Maria Domingos Cavalcante, Antonio Cavalcante Filho e Adeildo Ferreira dos Santos. Um sexto envolvido, Genessy Carneiro de Andrade, deve ser julgado pelo crime de favorecimento pessoal.
De acordo com a Justiça Federal em Pernambuco (JFPE), a partir da existência da ação penal, os acusados serão citados e uma audiência de instrução será realizada. Após esse procedimento, é realizada a fase de pronúncia e a marcação da data do julgamento.
O caso
O crime, que começou sendo investigado pela Polícia Civil, passou para as mãos da PF em agosto do ano passado, a pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. O inquérito foi concluído no fim de dezembro. Adeildo Ferreira dos Santos, de 26 anos, foi o último capturado do grupo. A prisão ocorreu em Buíque, no Agreste pernambucano, em 19 de dezembro. O inquérito também concluiu que o crime foi motivado por uma disputa de terras.

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