domingo, 9 de agosto de 2015

Ser, sobretudo, pai

Maria Luiza VeigaDo NE10
Professor tem quatro filhos e uma bonita história para contar / Foto: cortesia/ arquivo pessoal
Professor tem quatro filhos e uma bonita história para contarFoto: cortesia/ arquivo pessoal
Silvio Ferreira, 43 anos, é professor e mora em Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco. Ele foge de três estereótipos do que é o ‘ser pai’ no socialmente aceito; Silvio é solteiro, é pai adotivo e é homossexual. Por sua sexualidade assumida, ele já viveria sob olhares de pré-conceito – e até mesmo de preconceito – mas, ainda assim, não desistiu do sonho de ser pai. Silvio hoje tem quatro filhos e é, sobretudo, pai. 

“Foi um sonho que fui alimentando. Tudo tem sua hora certa, não é? Fiz o cadastro nacional e na primeira visita ao abrigo, me apaixonei logo de cara. A gente vai visitar só para conhecer, sem compromisso. Mas logo de primeira olhada já os escolhi”, disse. Isto aconteceu em 2012. Os primeiros irmãos foram Welson, 12, e Gustavo, 9. Ele começou o processo em agosto e já em outubro estava com os dois. Com a segunda dupla, Adeilson, 16, e Bruno, 8, aconteceu o mesmo. Eles foram para a casa do Silvio em setembro do ano passado.

 Existe um amor muito grande, empatia, afinidade. Somos a verdadeira família feliz; diferente, mas muito feliz Silvio Ferreira
Hoje, existem cerca de 300 crianças no Estado que buscam uma família adotiva; aproximadamente 70 deles no Recife. Já na fila para adotar, uma média de 900 querendo ser pais. Os números são da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Recife.

Segundo Carolina Albuquerque, psicóloga da 2° Vara, não há diferenças nos pedidos de adoção de pessoas homossexuais, heterossexuais, casadas ou solteiras, o que conta na chegada da criança ao seu futuro lar é o andamento do processo. 

Questionada se há preparação para as crianças para lares tidos como "diferentes", ela diz que sim, mas esta é para uma maior compreensão do que é a família e suas diversas possibilidades, fugindo da tradicional tríade pai, mãe e filho.

“O trabalho feito nas casas de acolhida é para que não haja apenas um tipo de família, e sim para mostrar as variadas famílias: de pessoas solteiras, casadas, homossexuais e heterossexuais. O trabalho é feito para que elas tenham conhecimento do que é uma família, não um modelo de família”, conta a psicóloga.

A história de Silvio confirma essa não diferenciação na hora da adoção: “Não tive dificuldade ou lidei com preconceito. Pelo contrário, tive muito apoio do pessoal da vara, das psicólogas. Assim como meus amigos e familiares também nunca deixaram de me apoiar nesta decisão, e meus filhos me aceitam e me aprovam também”, afirma Silvio.

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