terça-feira, 24 de novembro de 2015

No Recife, presidente do Senado e ministro da Justiça se unem a Paulo Câmara em ato pró-desarmamento

Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Por Anna Tiago, repórter do Blog
O Salão das Bandeiras, no Palácio do Campo das Princesas, ficou lotado na manhã desta segunda-feira (23) no encontro suprapartidário que reuniu políticos, autoridades e especialistas em segurança para um ato público pela preservação e fortalecimento do Estatuto do Desarmamento. No evento, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, discursaram contra o projeto de lei que permite às pessoas andarem armadas nas ruas.
Para o senador Renan Calheiros, a proposta armamentista é negativa para o País. “Acho que isso é um retrocesso, e o Parlamento não pode se associar a esses ´mercadores de vida´. A redução da violência no Brasil é consequência direta da retirada de armas de circulação”, disparou.
Calheiros ressaltou os altos números da violência e criticou os argumentos dos que defendem o armamento. “Somos o 11º país no mundo no número de homicídios por armas de fogo. A ideia daqueles que querem mudar o estatuto e retroceder no tempo é de que a pessoa armada possa se defender, mas isso é falácia, é mentira”, criticou.
Questionado sobre a posição do Senado em relação ao projeto de lei, o senador alegou que não podia prever a reação sobre o assunto. “É muito difícil saber o que vai acontecer com a apreciação de uma matéria no Senado, mas tenho certeza que, com relação ao fortalecimento do estatuto do desarmamento, nós vamos ter uma mobilização da sociedade que vai influir diretamente tanto na Câmara quanto no Senado”, pontuou.
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foto: Diego Nigro / JC Imagem
O  ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, elogiou a iniciativa do Governo de Pernambuco em realizar o ato para evitar que o Brasil sofra o “retrocesso maior”. “Nós temos que mostrar claramente ao cidadão brasileiro que arma é instrumento de ataque, não de defesa. Ampliar o universo de armas disponíveis no Brasil é ampliar, e muito, a situação que hoje nós vivemos. Devemos melhorar, e não retroceder”, afirmou.
Para ele, o argumento pró-armamento não tem fundamentos e é “irracional”.  “Todos os estudos de segurança pública mostram que nós temos que reduzir as armas para que possamos ter mais paz e menos violência. Se vai liberar as armas, qual é a lógica? Não tem nenhum estudo que ampare isso. O discurso que ampara o armamentismo é um discurso equivocado, irrazoável, irracional”, disse.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, alegou que o projeto em tramitação é uma medida danosa que precisa ser combatida. “Essa lei maluca quer desconstruir um instrumento que tanto bem fez e tanta gente salvou. Precisamos, a partir de agora, também reafirmar nossa posição e sermos contra essa desconstrução”, frisou.
De acordo com ele, o encontro no Palácio é um exemplo do “espírito de vanguarda” dos pernambucanos. “A visita do presidente do Senado, do ministro da Justiça, da nossa bancada federal e de pessoas que querem nos ajudar a avançar nessa discussão para que o Brasil não retroceda é muito importante para frear qualquer medida legislativa que fira, de maneira como está sendo proposta, o estatuto do desarmamento”, analisou.
O governador aproveitou para ressaltar os números de apreensão de armas no Estado, um dos resultados pelo Pacto Pela Vida que, segundo ele, aumentou 11% em relação aos exercícios anteriores. “Apesar das dificuldades do ano de 2014 e de 2015, tenho certeza que o Pacto Pela Vida, que já salvou tantas vidas, vai continuar a ser uma referência nacional no combate aos homicídios e ao tráfico de drogas.”
Considerado uma das maiores autoridades na área no País, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, elogiou o ato em Pernambuco. “Esse ato, independentemente do resultado que vier a trazer, é uma demonstração muito clara do que esse estado pensa. Tomara que os demais estados sintam inveja e tenham coragem para fazer a mesma coisa.”

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