Marília BanholzerDo NE10

Medicamentos regulados pelo Governo Federal tiveram um aumento acima da inflaçãoFoto: Marília Banholzer/NE10
No Recife, as farmácias já compram dos fornecedores com os preços mais altos e, automaticamente, repassam o reajuste para os consumidores. O gerente de uma farmácia localizada no bairro das Graças, área central da cidade, Maurício Ribeiro, disse que os aumentos foram praticamente imediatos. "Teve distribuidora que um dia após o anúncio do aumento já estava repassando as mercadorias com novo valor. E os aumentos foram, a maior parte, no percentual máximo previsto pelo Governo mesmo", explicou.
O aumento de mais de 12% pegou muita gente de surpresa. Nos últimos 5 anos, por exemplo, o aumento nunca alcançou a inflação; no ano passado o reajuste foi de 5,6% Oséas Gomes, presidente do Sincofarma-PESegundo o farmacista Oséas Gomes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco (Sincofarma-PE), nem todos os laboratórios devem aumentar seus preços. "Existem medicamentos que simplesmente não vale aumentar os preços. Hoje, o que nós verificamos é que entre 10% a 15% dos produtos sofreram reajuste. Além disso, entre aqueles que aumentaram, nem todos subiram até os 12,5% o valor do produto. Alguns fizeram reajustes mais baixos", pontou Oseás que também administra uma farmácia no Recife.
No meio dos aumentos está o consumidor que sofre com os reajustes que podem ultrapassar a própria inflação (10,67% em 2015). A aposentada Maria de Lourdes de Almeida, 65 anos, sofre com dores crônicas nas costas e compra mensalmente os analgésicos prescritos pelos médicos. "Já percebi sim o aumento. Meus remédios estão mais caros e mesmo que a gente tente trocar por um que não aumentou não adianta. Todo ano é a mesma coisa, tudo aumenta, inclusive remédio", comentou a consumidora.

Consumidor já sente o reajuste de até 12,5% no preços dos remédiosFoto: Marília Banholzer/NE10
O advogado especialista em direito do consumidor Thiago Pessoa alertou que além de evitar um gasto extra com medicamentos que "sobrariam", a medida ainda dificulta que as pessoas se automediquem, já que não teriam as sobras das cartelas de medicamento. "É uma questão de saúde pública. Mas enquanto não virar lei, a prática, provavelmente, não será popularizada", opinou Thiago Pessoa.
O presidente da Sincofarma-PE, Oséas Gomes, acredita que a medida não funcionará no País por diversos fatores, entre eles o fato de que o Brasil conta com mais de 10 mil medicamentos sendo disponibilizados aos consumidores. "Nos países de primeiro mundo dá certo porque não existe essa gama de medicamentos que temos aqui. Tem princípio ativo que é oferecido por 4 ou 5 laboratórios diferentes. Fica inviável", ressaltou Oséas Gomes.

Oséas Gomes não acredita na implantação da prática dos remédios fracionados no BrasilFoto: Marília Banholzer/NE10
Pesquisa aponta que 80% dos consumidores aprova venda fracionada de medicamentosApesar da resistência para oferecer o fracionamento dos medicamentos, o advogado Thiago Pessoa ressalta que a medida pode virar lei. "Existe um Projeto de Lei, de autoria do poder executivo, que torna essa orientação da Anvisa uma obrigação. Hoje, em Pernambuco, não conheço nenhuma farmácia que ofereça o serviço. No País, são poucas que fazem isso."
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