terça-feira, 24 de maio de 2016

Delegados vêem, em gravação de Jucá, tentativa de interferir na Lava Jato

A Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF) mostrou preocupação com o teor do áudio de uma conversa do ministro do Planejamento, Romero Jucá, com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (Foto Antonio Cruz-Agência Brasil)
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (Foto Antonio Cruz-Agência Brasil)
Para a associação, pareceu haver um “pacto no governo” para deter as investigações da Operação Lava Jato”. A associação, em nota, diz que já havia alertado para tentativas de interferências na investigação. Como vacina para tais condutas, sugere a autonomia orçamentária, administrativa e funcional da Polícia Federal.
Em nota, a associação afirma também que enviará a Temer no dia 01 de junho uma relação com três nomes, fruto de uma eleição interna, para influenciar o presidente interino na escolha do próximo diretor-geral da PF.

Afastamento

Por meio de nota, o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse que Jucá deveria se afastar do cargo. Caso não o faça, segundo Freire, o presidente interino da República, Michel Temer, teria a obrigação de afastá-lo. “[Para] dar as garantias necessárias para a continuidade das investigações”, declarou.
Ao tomar conhecimento da gravação, a bancada do Psol na Câmara dos Deputados anunciou que vai apresentar ainda hoje uma representação junto à Procuradoria-Geral da República pedindo à prisão de Romero Jucá por obstrução da Justiça.
Para o líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), as declarações contidas na fita são gravíssimas, uma “verdadeira bomba atômica”. “Nós estamos pedindo que ele seja não só afastado como preso”, disse.
Para Valente, a conversa mostra que toda cúpula do PMDB e, possivelmente do PSDB, particularmente o ex-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, têm muito que explicar à sociedade. “Em analogia com o que aconteceu com o senador Delcídio do Amaral, é caso para a prisão preventiva do senador Jucá”, defendeu Valente.
Já o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) considerou grave o conteúdo da denúncia, mas disse que não acredita em interferências no processo de impeachment.
“Eu não vi assim algo para dizer que houve uma trama contra a presidente Dilma. O PT está magoado e, tendo em vista a derrota, vai se apegar a qualquer coisa para dizer que foi golpe. A gravação é grave, mas não vi premeditação ou trama de golpe”, avaliou Fraga.

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