quarta-feira, 24 de julho de 2019

Crítica: 'La Casa de Papel' supera expectativa e aposta em emoção

A nova trama mostra a intenção de resgatar o capturado Rio (Miguel Herrán) através de um assalto ao Banco Central da Espanha



Quando foi anunciada a terceira parte de 'La Casa de Papel', muitos fãs se perguntaram a necessidade da continuação - já que todos os personagens teriam, aparentemente, seguido suas vidas após ficarem milionários com o assalto a Casa da Moeda.

A nova temporada é direta ao ponto: mostra ao que veio em seus primeiros minutos. A nova trama mostra a intenção de resgatar o capturado Rio (Miguel Herrán) através de um assalto ao Banco Central da Espanha. Também segue a narrativa de Tóquio, personagem principal, interpretada pela atriz Úrsula Corberó.

A história inicial do grupo de ladrões nas duas primeiras temporadas é relembrada, o que facilita o entendimento do espectador que está começando a série a partir desta terceira parte, ou até aquele que havia esquecido alguns detalhes, o que deixa a história bem amarrada. Os oito episódios são o suficiente para o novo ato ser contado.

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Ao se encontrarem, três anos separados, Tóquio e o líder Professor (Álvaro Morte) mostram confiança em relação um ao outro. A rivalidade entre a personagem principal e a antiga delegada, agora amor do Professor, Raquel/Lisboa, é apresentada, no início, como algo que seria explorada, mas, ao decorrer da temporada, a situação é esquecida quando ambas não atuam juntas.

Para a população, a máscara do Salvador de Dalí é um símbolo de resistência. A tortura é um dos principais temas discutidos na nova temporada da série - assunto atual e delicado em pleno 2019. Um momento de humor, protagonizado pelo Professor e Raquel/Lisboa, deixa claro que os civis defendem o grupo de assaltantes - e os enxergam como justiceiros, tornando a polícia ainda mais como a inimiga dentro da trama.

A série aposta em flashbacks durante toda a temporada, recurso que não a torna cansativa, quando sua intenção é contar, através desses flashbacks, o planejamento do assalto ao Banco da Espanha, além de relembrar o passado e a relação do personagem Berlim (Pedro Alonso) com o Professor e Palermo (Rodrigo de la Serna). Este último, um dos novos personagens do grupo, foi o que ganhou mais presença e conseguiu desenvolver uma relação de sentimento com o espectador, mesmo que negativa por ser egocêntrico.

Os outros dois novos personagens do grupo, Bogotá (Hovik Keuchkerian) e Marselha (Luka Peros), demoram a ganhar importância na trama, o que faz pensar que a qualquer momento eles podem ser descartados. 

Durante a série, todos os episódios contam com uma trilha musical apropriada a cada cena, seja nas danças de Tóquio ou na manifestação dos civis em frente ao Banco. 

Temas
A temática sobre família é bastante abordada e bem construída na nova temporada. Entre tantos personagens preocupados com os filhos, o casal Denver (Jaime Lorente) e Mónica/Estocolmo (Esther Acebo) ganham destaque, após a mulher dar a luz a um menino e ele assumir a paternidade. Denver, mesmo sendo um rapaz explosivo, está cansado de perder e sem querer arriscar, carregando o trauma da morte do pai no primeiro assalto - por isso, não aceita bem a ideia de sua mulher estar neste meio. Carregando seu novo apelido, originado pela Síndrome de Estocolmo - o sentimento de amor por um companheiro agressor - a ex-secretária apresenta grande amadurecimento, colocando seus medos para trás confrontando seu ex-amante Arturo (Enrique Arce).

Sem deixar nenhum homem passar por cima de suas ideias e aberta ao diálogo com todos ao seu redor, a personagem da atriz Alba Flores, Nairóbi, exigindo igualdade e respeito, mostra que carrega um coração enorme: é segura, decidida e amiga, sendo difícil não amá-la, comovendo a todos com um final impactante.

A estreia da inspetora e algoz do grupo, Alicia Sierra (Najwa Nimri), foi um dos saldos mais positivos da terceira temporada. Com boa atuação, com seu jeito cômico, chupando pirulito em qualquer momento da história, ela comanda a operação policial, com uma grande barriga de grávida, entre tantos homens ao seu redor - o que a torna muito poderosa. Além de, no final da temporada, surpreender com sua inteligência.

A terceira temporada de 'La Casa de Papel' trouxe, com seu orçamento maior, uma produção melhor e cenas visualmente mais bonitas, comparada às tramas anteriores, com diversas paisagens. O final é comovente e em aberto, deixando os fãs curiosos, ansiosos e com expectativas positivas para a quarta temporada.
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