Isabelle FigueirôaDo NE10

A maioria dos velhinhos e velhinhas que mora no Cristo Redentor foi abandonada por seus familiares e menos da metade é lúcidaFoto: Isabelle Figueirôa/ NE10
O Papai Noel e a Mamãe Noel poderiam ser um deles. São 116 idosos e idosas que moram no Abrigo Cristo Redentor, em Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes. Mas, ao invés de roupas vermelhas e sacos cheios de presentes, eles usam vestes simples ou robis e carregam sacos imaginários repletos de histórias. No lugar de dar presentes, eles dão lição de vida e superação.

"Minha vida é um romance de luz", comentou, sorrindo, dona Dora, de 98 anos
A maioria dos velhinhos e velhinhas que mora no Cristo Redentor foi abandonada por seus familiares e menos da metade é lúcida. No abrigo há seis anos, Maria das Dores Virgolino da Silva, de 98 anos, ou simplesmente dona Dora, diz ser sobrinha de Lampião. "Minha vida é um romance de luz", comentou sorrindo. Entre conversas sobre cangaceiros e amores do passado, fantasia e realidade, ela pediu paz e tranquilidade para o abrigo no Ano Novo. "A gente tem que respeitar o lugar onde mora", disse, referindo-se à onda de assaltos que o local sofreu no início deste mês.
"Eu chega choro emocionada quando venho aqui. Amanheci meio adoentada, mas depois de fazer o almoço, reuni forças e vim. Quando entrei, agradeci a oportunidade de estar entre pessoas tão queridas", confessou a voluntária Quitéria Sobral, 74, enquanto conversava com a amiga e moradora do abrigo, Maria Soares da Silva, 86. "Saúde, paz e boas amizades" foi o pedido de dona Soares para este Natal.

Quitéria (esq) é voluntária do abrigo há seis anos e se emociona sempre que visita o local
Segundo a gerente geral da instituição, Cristiane Melo, 60% dos abrigados são cadeirantes e 10%, acamados. "Temos convênio com a Chesf, a prefeitura de Jaboatão e a Faculdade Pernambucana de Saúde, além de doações particulares", explica Cristiane que também é presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Jaboatão dos Guararapes. Cada idoso contribui com 70% da aposentadoria para se manter no Cristo Redentor.
A instituição é organizada e limpa, os idosos são bem cuidados e as doações materiais sempre chegam à porta. O antigo engenho possui ala masculina e feminina com dormitórios e salas de estar, além de refeitório, almoxarifados (para alimentos e material de limpeza), lavanderia e terraços arejados. As árvores frutíferas dão ares bucólicos ao abrigo, onde o silêncio só é quebrado pelo choro de uma ou outra vovozinha ou pelo violão de João Florentino, 78.
A instituição é organizada e limpa, os idosos são bem cuidados e as doações materiais sempre chegam à porta. O antigo engenho possui ala masculina e feminina com dormitórios e salas de estar, além de refeitório, almoxarifados (para alimentos e material de limpeza), lavanderia e terraços arejados. As árvores frutíferas dão ares bucólicos ao abrigo, onde o silêncio só é quebrado pelo choro de uma ou outra vovozinha ou pelo violão de João Florentino, 78.
"Muitas pessoas deixam de vir aqui porque acham que por ser administrado pelo Rotary é um abrigo rico", lamenta Cristiane. No entanto, muito mais do que doações de fraldas geriátricas (G e GG) - a cada mês são usadas 8 mil -, leite em pó, feijão, café e aveia - são 100 kg de alimentos por dia -, o de que eles mais precisam são de pessoas, como pediu dona Soares.
"São 50 voluntários cadastrados para visitar os idosos, mas apenas 12 vêm com frequência", esclareceu a gerente. Cristiane explica que o grupo adora receber pessoas, especialmente crianças. Algumas escolas levam seus alunos para visitar o abrigo e até fazem apresentações culturais no local, para alegria dos vovôs e vovós.
Doações podem ser feitas no local de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos domingos, no mesmo horário. Já as visitas devem ser realizadas às quintas-feiras, das 14h às 16h e aos domingos, das 9h às 11h e das 14h às 16h. Caso os visitantes pretendam fazer alguma atividade com os idosos (lúdica, pedagógica, esportiva ou religiosa) devem agendar a visita pelos telefones (81) 3257.8000 ou 99790.1378.
HISTÓRIA - Inaugurado em 20 de setembro de 1942, o antigo engenho que hoje sedia a Obra de Assistência aos Mendigos e Menores Desamparados do Recife, razão social do Abrigo Cristo Redentor, pertenceu ao então governador Agamenon Magalhães. Com sua morte, a viúva não levou a obra à frente e repassou ao Rotary Club Recife.
Inicialmente, a instituição recebia recém-nascidos, crianças, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social, maus-tratos e abandono. Hoje é referência nas regiões Norte e Nordeste no cuidado de idosos.
O abrigo é administrado por 22 diretores voluntários do Rotary Club Recife e possui 95 funcionários, entre porteiro, serviços gerais, cuidadores, técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais. A despesa mensal do abrigo é de R$ 130 mil, dos quais R$ 80 mil é reservado à folha de pagamento.
Inicialmente, a instituição recebia recém-nascidos, crianças, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social, maus-tratos e abandono. Hoje é referência nas regiões Norte e Nordeste no cuidado de idosos.
O abrigo é administrado por 22 diretores voluntários do Rotary Club Recife e possui 95 funcionários, entre porteiro, serviços gerais, cuidadores, técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais. A despesa mensal do abrigo é de R$ 130 mil, dos quais R$ 80 mil é reservado à folha de pagamento.
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