segunda-feira, 7 de março de 2016

Falta de educação ao furar filas é comum nos terminais da RMR

Do JC Trânsito
Passageiros furam fila no T.I Macaxeira  / Foto: Júlio Cirne/JC Trânsito
Passageiros furam fila no T.I MacaxeiraFoto: Júlio Cirne/JC Trânsito
Quem está habituado a usar o transporte coletivo do Recife e Região Metropolitana (RMR) já deve ter se deparado com a incômoda e revoltante situação de ver outros usuários desrespeitando as filas para entrar nos coletivos. Em visitas aos Terminas de Integração na RMR, o JC Trânsito flagrou várias dessas atitudes que, além de serem agressivas com quem espera na fila, não colaboram para a melhoria do sistema de transporte público. 

Um dos mais movimentados da capital é o TI Macaxeira, na Zona Norte. Na tarde da sexta-feira (4), a empregada doméstica Maria José da Silva, de 43 anos, voltava do trabalho e esperava sentada pelo ônibus da linha TI Macaxeira/TI Camaragibe. "Eu nem espero mais na fila, porque sei que não vou sentada, e ainda tem o risco de me machucar por causa da agressividade do pessoal", desabafou.
Estudante relata que já teve os óculos quebrados por causa da falta de educação de usuários ao subir no ônibus
Estudante relata que já teve os óculos quebrados por causa da falta de educação de usuários ao subir no ônibusFoto: Júlio Cirne/JC Trânsito
Thiago Morais, estudante do curso de turismo, relata que já teve os óculos quebrados por causa da confusão dos mal educados que furam as filas. "Na hora que eu fui subir no ônibus, começaram a empurrar e meus óculos caíram no chão, eu ainda tentei pegar, mas já tinham pisado neles", lamentou o jovem, que usa a linha TI Pelópidas/TI Macaxeira.
Esperando por um ônibus que o levasse para Igarassu, na RMR, o armador de ferragens Adeilton Ferreira, de 42 anos, acredita que boa parte dessa situação acontece porque o número de ônibus não é suficiente: "O pessoal fica desesperado, achando que não vai conseguir chegar na hora e fura a fila, isso prejudica todo mundo". 
Adeilton acredita que o número insuficientes de ônibus contribui para a falta de educação de alguns usuários
Adeilton acredita que o número insuficientes de ônibus contribui para a falta de educação de alguns usuáriosFoto: Júlio Cirne/JC Trânsito
O pesquisador do programa de pós-doutorado em Sociologia da UFPE, Marcos de Araújo Silva explica que essas situações de falta de educação estão somadas a uma realidade de transporte público precário e que não atende à demanda de usuários.
"Isso acontece por causa de uma população que tem um conceito limitado de cidadania", disse o professor, explicando que, no Brasil, criou-se uma cultura de que "Se existe a possibilidade de passar na frente e eu não passo, isso é visto como se eu fosse um idiota."  
Além disso, o sociólogo lembra que essas atitudes do "jeitinho brasileiro", de tentar tirar vantagem em tudo, não se restringe às pessoas com baixa renda. "É muito comum, em filas de check-in no aeroporto, ver pessoas com um padrão de renda mais alto e que, mesmo assim, tentam furar fila".  
O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (GRCTM) informou por meio de sua assessoria que trabalha com campanhas educativas para conscientizar os usuários sobre o respeito aos demais passageiros.
Entre essas campanhas está a "Gentileza faz a diferença", com artistas atuando dentro dos terminais de integração e estações de BRT, e a "Educa Transporte", que consiste na realização de palestras em escolas da rede pública, voltadas para o público jovem.

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